Portugal desaconselhou, este sábado, as viagens para a Ucrânia que não sejam estritamente essenciais, devido à tensão militar crescente junto às fronteiras com a Rússia, e sugeriu a quem se encontre em território ucraniano que pondere "sair temporariamente do país".
"Devido à tensão militar crescente junto às fronteiras da Ucrânia, não sendo de excluir um agravamento da situação de segurança, desaconselham-se as viagens para a Ucrânia que não sejam estritamente essenciais", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num aviso publicado no Portal das Comunidades Portuguesas.
Além dessa indicação, sem natureza vinculativa e suscetível de alteração a qualquer momento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros aconselhou que os cidadãos que se encontrem atualmente na Ucrânia e "se a sua presença não for absolutamente necessária" ponderem "sair temporariamente do país".
"Não se recomendam quaisquer viagens para a região do Donbass [no sudeste da Ucrânia] ou para zonas próximas da fronteira com a Federação Russa e com a Bielorrússia", avisou o Governo português.
Em deslocação oficial em Paris, Augusto Santos Silva afirmou ainda que o consulado e a embaixada na Ucrânia estão a recomendar aos cerca de 240 portugueses que aí residem que abandonem o país temporariamente, caso não tenham razões essenciais para ficar.
"Quanto aos portugueses que residem na Ucrânia, que são cerca de 240, a Embaixada e secção consular em Kiev estão em contacto permanente com todos eles. Aqueles que não tenham de permanecer por razões essenciais na Ucrânia, que ponderem afastar-se temporariamente desse país", reforçou.
Além de Portugal, outros países pediram aos seus cidadãos na Ucrânia para que deixem o país.
A lista inclui Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Espanha, Israel, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Iraque, Kuwait e Itália.
Estes apelos seguiram-se à declaração dos Estados Unidos de que a Rússia poderá invadir a Ucrânia "a qualquer momento" nos próximos dias.
A Rússia nega a sua intenção de invadir a Ucrânia, mas continua a aumentar a sua presença militar na fronteira do país vizinho.
Na sexta-feira à tarde, vários líderes participaram numa reunião por videoconferência, inclusive os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, da Polónia, Andrzej Duda, e da Roménia, Klaus Iohannis.
A reunião contou também com a participação dos chefes dos governos da Alemanha, Olaf Scholz, do Reino Unido, Boris Johnson, do Canadá, Justin Trudeau, e da Itália, Mario Draghi.
Participaram ainda a presidente da Comissão Europeia, Ursula von Der Leyen, o chefe do Conselho Europeu, Charles Michel, e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg.
Os líderes aliados pediram para que a via do diálogo com Moscovo seja mantida aberta, mas mostrando uma "firme posição dissuasiva".
Estudaram também as sanções que serão adotadas em caso de agressão contra a integridade territorial da Ucrânia.
A atual crise começou com a concentração, ainda em 2021, de dezenas de milhares de tropas russas perto das fronteiras da Ucrânia.
O Ocidente vê nessa concentração militar a intenção russa de invadir novamente a Ucrânia, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança.
Essas exigências incluem garantias juridicamente válidas de que a Ucrânia nunca fará parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e o regresso das tropas aliadas nos países vizinhos às posições anteriores a 1997.
Os Estados Unidos e os seus aliados da NATO e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), incluindo Portugal, recusaram tais exigências.