Fernando Santos reprova a criação de uma Superliga Europeia de futebol, anunciada no domingo por 12 dos principais clubes de Espanha, Inglaterra e Itália, que pretendem desenvolver uma competição de elite, concorrente da Liga dos Campeões, em oposição à UEFA.
Numa grande entrevista à Renascença, que será transmitida na íntegra numa edição especial de Bola Branca, às 12h30 de quarta-feira, o selecionador nacional explica as razões pelas quais se opõe à ideia:
“Sou totalmente contra a Superliga e não me passa pela cabeça que isso possa ser viável. Não traz nada de positivo ao futebol. Como pode haver aumento de qualidade com diminuição de competitividade e receitas?”
Modelo dos EUA não devia ser copiado
O modelo da Superliga tem inspiração e financiamento norte-americanos. Fernando Santos não concorda que o modelo dos EUA seja o mais adequado ao desporto europeu, especialmente o futebol.
“Não sei se há algum campeonato interessante de basquetebol nas escolas dos Estados Unidos. Não concordo em retirar a ambição e a paixão das equipas que disputam os seus campeonatos, de ser campeões, que é o mais transcendente, e poderem estar presentes nas grandes competições, que é o que motiva as pessoas e os adeptos. Deixam de ser clubes e passam a ser equipas, como nos Estados Unidos, com donos que fazem negócios com compra e venda de clubes”, argumenta.
O selecionador nacional assume-se "completamente contra" a Superliga Europeia e questiona “se será melhor a qualidade de um Mundial, Europeu, ou da Liga das Nações sem os jogadores desses clubes”.
Na semana em que ficam a faltar 50 dias para o início do Europeu de futebol, o selecionador nacional, Fernando Santos, é convidado por Bola Branca para uma entrevista que será marcante na contagem decrescente para a defesa do título conquistado em 2016, em França.
Jogadores da Superliga fora de Euros e Mundiais
AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham e Real Madrid são os clubes fundadores e, a partir da sua criação, reguladores da competição, inédita na modalidade.
Os 12 clubes referidos pretendem acrescentar outros três ao lote de lugares cativos na competição. O FC Porto recebeu contactos informais para integrar a Superliga Europeia, mas o presidente do clube português, Pinto da Costa, esclareceu que rejeitou o convite, por considerar que a nova competição viola as normas da UEFA e da União Europeia.
O objetivo dos 12 clubes fundadores é começar o mais rapidamente possível, com um total de 20 emblemas — 15 cativos e cinco rotativos.
UEFA e FIFA confirmaram que os jogadores das equipas que disputem a Superliga serão banidos dos Europeus e Mundiais e proibidos de representar as suas seleções. Portugal tem um total de 11 jogadores nesta situação: João Félix (Atlético de Madrid), Francisco Trincão (Barcelona), Diogo Dalot e Rafael Leão (AC Milan), Cristiano Ronaldo (Juventus), João Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva (Manchester City), Bruno Fernandes (Manchester United), Diogo Jota (Liverpool) e Cédric Soares (Arsenal) são os jogadores que integram os 12 clubes fundadores. Só Leão e Dalot não somam internacionalizações pela seleção AA.
A maioria dos jogadores que se pronunciaram foram jogadores que já terminaram a carreira ou que alinham em clubes que não fundaram a Superliga Europeia. Os internacionais portugueses Bruno Fernandes, médio do Manchester United, e João Cancelo, lateral-direito do Manchester City, concordaram de forma breve com uma publicação do compatriota Daniel Podence, do Wolverhampton, contra a prova.