O número de casos de sarampo a nível mundial quase quadruplicou no primeiro trimestre de 2019, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS) esta segunda-feira.
De acordo com dados provisórios da organização, entre janeiro e março deste ano houve mais 112.163 casos do que no mesmo período em 2018.
Elevadas taxas desta doença prevenível mas altamente contagiosa - que pode causar cegueira, surdez, danos cerebrais ou até a morte a crianças - têm sido registadas em todas as regiões do mundo, garante a agência da ONU em comunicado, apelando a mais vacinação.
Recentemente foram registados surtos de sarampo na República Democrática do Congo, Etiópia, Georgia, Cazaquistão, Quirguistão, Madagáscar, Myanmar, Filipinas, Sudão e Ucrânia, surtos esses que "causaram muitas mortes, sobretudo entre crianças pequenas", refere a OMS.
Sem avançar números concretos de fatalidades, a organização calcula que apenas um cada 10 casos de sarampo é reportado a nível global.
No comunicado hoje divulgado, a OMS destaca também que há países que têm registado mais casos do que é habitual apesar de a vacina contra a doença integrar os seus planos nacionais de vacinação. Embora não cite o movimento anti-vacinas, que continua a ganhar adeptos um pouco por todo o mundo, a organização deixa esse apontar de dedo nas entrelinhas.
"Em meses recentes, ocorreram picos de casos em países com cobertura de vacinação relativamente alta, incluindo os Estados Unidos da América bem como Israel, Tailândia e Tunísia, com a doença a alastrar-se mais rápido entre pessoas não-vacinadas", lê-se no comunicado da OMS.
Na segunda-feira, as autoridades de saúde norte-americanas confirmaram que houve um aumento de casos confirmados de sarampo de quase 20% na semana passada, naquele que é já considerado o segundo pior surto no país em quase duas décadas.
Os EUA são um dos países onde o número de pessoas que se opõem às vacinas mais tem crescido; a maioria acredita, apesar das provas científicas em contrário, que existem ingredientes nas vacinas que causam autismo e outras doenças.
Recentemente, a cidade de Nova Iorque viu-se forçada a decretar um estado de emergência por causa de um surto de sarampo entre a comunidade judaica ultraortodoxa.
Face a isto, a OMS apela a que as campanhas de vacinação sejam maximizadas, apontando que a cobertura global da chamada "primeira dose" da vacina anti-sarampo "estancou" nos 85%, contra os 95% necessários para impedir surtos da doença. A par disso, há 25 países que não incluem a segunda dose, igualmente importante, nos seus programas nacionais de vacinação.