Máfia do sangue. Lalanda e Castro regressou a Portugal e disposto a colaborar
23-12-2016 - 21:35

Ex-administrador da Octapharma chegou a ser detido na Alemanha. Em causa estão factos susceptíveis de se enquadrarem na prática de crimes de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem e branqueamento de capitais.

O ex-administrador da farmacêutica Octapharma Paulo Lalanda e Castro chegou esta sexta-feira a Lisboa e disponibilizou-se às autoridades para depor no sábado, no âmbito da 'Operação O Negativo', referiu, em comunicado, o seu advogado, Ricardo Sá Fernandes.

"Hoje, dia 23 de Dezembro, Paulo Lalanda e Castro veio para Portugal, tendo viajado num avião que aterrou pelas 17h00 no aeródromo de Tires", disse Ricardo Sá Fernandes.

No comunicado, o advogado refere também que Paulo Lalanda e Castro "disponibilizou-se às autoridades para depor já amanhã [sábado] ou em qualquer outra data que venha a ser marcada".

"Paulo Lalanda e Castro, que ser ouvido no processo da denominada 'Operação O Negativo', tal como por si já diversas vezes requerido, de forma a poder esclarecer cabalmente todas as questões que as autoridades judiciárias portuguesas que querem ver esclarecidas", acrescenta no comunicado.

Paulo Lalanda e Castro chegou a ser detido na Alemanha no âmbito de um mandado de detenção europeu, mas um juiz alemão ordenou a sua libertação por ter considerado injustificado o pedido.

O juiz alemão considerou que não se justificava o mandado de detenção europeu (MDE) de Lalanda e Castro, porque este, que é arguido em outros processos em Portugal, "sempre esteve contactável, não sendo preciso a sua detenção para ser ouvido em Lisboa", explicou Ricardo Sá Fernandes.

Lalanda e Castro é arguido nos processos 'Operação Marquês' e 'Vistos Gold'.

No inquérito da 'Operação O Negativo', dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, investigam-se suspeitas de que Lalanda e Castro e Luis Cunha Ribeiro - ex-presidente do INEM -, que estava ligado a procedimentos concursais públicos na área da saúde, terão acordado entre si que este último utilizaria as suas funções e influência para beneficiar indevidamente a Octapharma.

Em causa estão factos susceptíveis de se enquadrarem na prática de crimes de corrupção activa e passiva, recebimento indevido de vantagem e branqueamento de capitais.

No âmbito deste processo, foram igualmente constituídos arguidos um representante da Associação Portuguesa de Hemofilia e dois advogados, um deles Farinha Alves.