Para o Presidente da República, as eleições não estão em causa. Marcelo Rebelo de Sousa quebrou esta quarta-feira o "silêncio de 12 dias" para fazer um "ponto da situação" ao país. Aos jornalistas, disse acreditar que não esteve nunca "em causa a realização de eleições". "Isso foi imediatamente esclarecido e tinha de ser esclarecido, porque não era bom para a luta das forças de segurança dar uma sensação de insegurança. Isso foi esclarecido e bem", assegura.
Marcelo acredita que "os processos reivindicativos neste período eleitoral" são naturais e estão a ser conduzidos "com uma preocupação de respeito pela legalidade" para dar "confiança e segurança aos portugueses". O Presidente da República admite que as forças de segurança "continuam a ter o apoio dos portugueses", porque os portugueses "perceberam que é uma situação que precisava de ser corrigida e sentiam segurança e confiança nas forças de segurança". "Sentiam e sentem", diz, não deixando, no entanto, de lançar um aviso: "Em cada momento é preciso que as forças de segurança, naquilo que são as suas ações de luta, vão encontrando formas que correspondam a esse sentimento de segurança dos portugueses", até porque "o apoio perde-se".
"Temos assistido, ao longo da nossa história democrática, a processos reivindicativos que, do princípio ao fim, mantem o apoio dos portugueses, mas outros que não... Começaram com apoio e depois, a partir de determinado momento, o apoio perde-se", ressalva.
O Presidente da República fez questão de explicar que "houve um acordo das forças políticas", que entendem ser "legítimo" o protesto das forças de segurança, e "urgente resolver esse problema". Relembra que a decisão terá de caber a um "futuro Governo" e que, qualquer que seja a sua composição, tal será atendido pois "não houve uma única força política que fosse contra e todas foram, de uma maneira ou outra, expressamente a favor" da "compensação correspondente nas forças de segurança" ainda não compensadas pelo risco que correm.
"Não tenho dúvidas que, daqui a dois, três, quatro meses, um Governo que saia [das eleições], uma das preocupações que terá como prioritária passará por corresponder àquilo que é uma legítima aspiração e correção ou compensação de uma desigualdade", admite Marcelo, que acredita que "o objetivo principal da plataforma foi atingido": sensibilizar os portugueses e os partidos para a sua causa.
O Presidente da República rejeita, portanto, a noção de que haja "um braço de ferro entre grupos reivindicativos e o Governo", relembrando que "estamos a viver um período transitório, com um Governo de gestão que está a terminar a sua atuação" e que, por isso, interessa é "olhar para os que poderão ser ministros no futuro".