O bispo D. José Alfredo Caires, de Mananjari, no Madagáscar, diz que a visita do Papa Francisco àquele país foi muito importante para mostrar ao mundo a juventude e a dinâmica da Igreja Católica malgaxe.
No país há várias décadas, o sacerdote dehoniano, natural da Madeira, foi nomeado bispo no ano 2000 e é responsável por uma diocese que fica a 700 quilómetros da capital, Antananarivo, o que em termos práticos é quase como estar do outro lado do planeta.
“Madagáscar não é Antananarivo, Antananarivo é o máximo, mas existe muito mais pobreza no interior. Para irmos para a minha diocese há uma estrada principal, o resto é tudo terra batida e estradas que não se podem fazer nem mesmo de moto, e a pé só com grande dificuldade”, explica. Cada vez que precisa de viajar até à cidade principal tem de contar com pelo menos 12 horas de viagem.
A visita de Francisco foi importante nesta fase, diz o bispo português, em que o Madagáscar vivia uma fase de pessimismo, sobretudo por causa da pobreza. “Vivemos um período ainda de pessimismo e temos que dar um bocado de positivismo a toda esta dinâmica, mesmo do Governo, que quer fazer algo de novo. Para a Igreja é importante dar uma esperança às pessoas, que vivem numa pobreza tal que mesmo nós temos dificuldade em encontrar caminhos novos para lhes dar. O Papa veio-nos dizer que é possível, convencer que é possível.”
Durante a sua visita Francisco abordou diretamente a questão da pobreza e da corrupção no Madagáscar, criticando a cultura que favorece esta e dizendo que a aquela não é uma fatalidade.
Não obstante a pobreza que assola a ilha, D. José Alfredo Caires explica que não falta energia e formação a uma igreja que se caracteriza pela sua juventude. “É importante o Papa ter escolhido esta periferia, que dá impressão de uma igreja brilhante, com muita gente, muitos jovens. Nas nossas igrejas, temos a impressão que estamos no meio de crianças e de jovens. E é verdade. Gente que tem esperança. O Papa escolheu esta periferia porque é importante na Igreja, é importante uma Igreja que tem muitas vocações, mas temos de estar atentos ao discernimento, a dar sempre uma atualidade.”
“Quem vê de longe parece que nós não damos formação, que é tudo folclore e dança, mas não, mesmo aqueles jovens que dançaram e que pularam com o Papa são jovens formados. Sabem dar as razões, mais que muitos na Europa, sem dúvida”, conclui.
Os dehonianos, a congregação do D. José Alfredo Caires, está implantada no Madagáscar, onde trabalha de perto com os mais pobres, desde inícios dos anos 80.