Portugal pode aumentar o número de efetivos que fazem parte da missão de capacetes azuis na República Centro-Africana.
A informação surge numa altura em que o chefe do Estado-maior General das Forças armadas daquele país africano está em Portugal para um encontro com o homólogo português.
A visita, que decorre até quarta-feira, acontece duas semanas depois da contestação naquele território à atuação da força portuguesa quando os militares portugueses foram acusados por alguns manifestantes de crimes contra a humanidade, na sequencia dos confrontos de 30 de maio. Acusações essas que foram de imediato desvalorizadas pelas autoridades daquele país e pela própria ONU.
Foi um dos episódios mais violentos da missão portuguesa naquele país, mas os militares da 3.ª Força Nacional Destacada já estiveram envolvidos em quase duas dezenas de confrontos desde que iniciaram a sua missão a 5 de março deste ano.
Uma situação que o Governo reconhece ser preocupante e que pode, segundo a Renascença apurou junto de uma fonte militar, levar a um reforço da participação portuguesa naquele território. Nesta altura, Portugal tem uma companhia de infantaria a operar a partir de Bangui, mas a força já não se adequa ao que está a ser pedido, devido ao numero de efetivos.
Segundo esta fonte, “uma companhia não pode proteger uma cidade inteira” e nesta altura “a força está próxima do numero máximo de dias em que os militares podem estar projetados. É preciso não esquecer que quando uns estão a combater, outros estão em preparação.”
Neste caso, sendo uma força de reação rápida, os portugueses são obrigados a ter um estado de prontidão elevado e material pronto para o que for preciso, o que por vezes obriga a deslocações de 400 quilómetros.
A solução seria por isso mudar a tipologia da força. Em vez de uma companhia, Portugal pode participar com um batalhão, o que corresponde ao triplo dos efetivos, mas nada está decidido.
Até lá, a força nacional destacada tem conseguido responder, mas, segundo uma fonte militar, “tudo isto é esgotante para uma força desta natureza”.
Questionado sobre esta situação, o general e investigador Carlos Branco, antigo porta-voz do Comandante da Força da NATO no Afeganistão, refere que “o comandante da força no terreno pode recusar uma intervenção se achar que não tem meios para responder”.
Em declarações à Renascença, o militar na reserva explica que “numa primeira fase o comandante da força tem de resolver com o comandante direto das Nações Unidas no terreno. Se não houver acordo, deve reportar ao Estado-Maior General das Forças Armadas”, diz.
Carlos Branco lembra que “o comandante português só deve atuar conforme aquilo que foi negociado com as Nações Unidas e tendo em conta o tipo de força que Portugal decidiu enviar. Se lhe for pedido mais, pode dizer que não”.