A procuradora-geral da República admite que “todos os dias” são sinalizados casos para investigação no âmbito do fenómeno da ‘Baleia Azul’, e que as autoridades judiciais estão empenhadas em combater este tipo de criminalidade na internet.
“Todos os dias têm aparecido casos e, por isso, é que há aqui essa necessidade de delinear [a linha de investigação] para conseguimos definir perfis criminosos”, afirmou esta sexta-feira agência Lusa Joana Marques Vidal.
A magistrada que dirige o Ministério Público, que falava à margem do I Congresso de Direito da Família e das Crianças de Cascais, considerou importante o papel que lida com os jovens na prevenção do esquema, que promove a mutilação e pode levar ao suicídio dos participantes.
“Por um lado, a família é essencial, mas também todos os técnicos e todas as pessoas que trabalham com crianças e jovens têm, neste momento, que estar muito atentos e devem, logo que sinalizem algo que possa ser próximo daquilo que é o que nós conhecemos do fenómeno da ‘Baleia Azul’, pedir ajuda”, salientou Joana Marques Vidal.
A procuradora-geral assegurou que “está a ser feito um esforço grande por parte do Ministério Público e da Polícia Judiciária para fazer a melhor investigação possível, atendendo à complexidade” de que se reveste este tipo de crimes no âmbito do cibercrime e do cyberbullying.
O Ministério Público já confirmou que tem em curso três inquéritos, nas comarcas de Setúbal, Portalegre e Faro, relacionados com o jogo na internet. Uma menor de 15 anos, residente em Matosinhos, será a mais recente vítima portuguesa do jogo.
Um
"jogo" perigoso
O esquema, que nasceu na Rússia e no Brasil e já chegou a Portugal, incita, através da internet, jovens à automutilação e ao suicídio. O "jogo" consiste na atribuição de 50 tarefas, entre as quais "corte o braço com uma lâmina" ou "fure a mão com uma agulha". A última tarefa é o suicídio.
A PSP aconselha os pais a “manterem-se informados relativamente ao jogo e a alertar crianças e jovens para as suas implicações”, bem como a aumentarem a supervisão das actividades dos filhos na internet.
“Importa ainda que os pais alertem as crianças sobre os riscos de adicionar desconhecidos e recomendem que apenas a família, amigos e pessoas da escola façam parte da lista de amizades nas redes sociais”, diz a PSP, que aconselha os pais a dirigirem-se à esquadra mais próxima sempre que suspeitem que “as crianças ou jovens estejam a ser alvo de violência psicológica ou intimidação”.
Se precisa de ajuda ou tem dúvidas sobre este tipo de problemas, contacte um médico especialista ou um dos vários serviços e linhas de apoio (gratuitas), como a Saúde 24 (808 24 24 24), o SOS Criança (116 111), a Linha Jovem (800 208 020) ou o S.O.S. Adolescente (800 202 484).