A coordenadora do BE mostrou-se esta quarta-feira preocupada com a "intransigência do Governo" nas negociações do Orçamento do Estado para 2021, condicionando a viabilização da proposta à alteração da postura do executivo.
"A chave de um orçamento estará na intransigência do Governo e no Governo ultrapassar essa intransigência", afirmou Catarina Martins numa entrevista ao Telejornal da RTP-1.
O BE "não poderá votar um Orçamento em que não há negociação", frisou a líder bloquista, considerando que este "é o momento de o PS dar passos" em direção às reivindicações do Bloco.
"A nossa esperança é que, nos próximos quatro dias, o Governo dê resposta a estas preocupações", disse a coordenadora do BE, numa referência ao tempo que falta até à entrega da proposta orçamental no parlamento, na segunda-feira.
Catarina Martins apontou como objetivos negociais do Bloco "travar a vaga de despedimentos", ter um subsídio de desemprego que responda às situações, criar "uma prestação social que não permita que as famílias vão para a pobreza" e reforçar o Serviço Nacional de Saúde com médicos e técnicos de diagnóstico.
Outra das preocupações do BE é "não permitir que o sistema financeiro continue a brincar com o dinheiro que é de todos", ou seja, travar qualquer injeção estatal no Novo Banco.
"Não podemos ter um parlamento a comprometer-se com uma nova injeção no Novo Banco sem haver uma investigação ao que se está a passar", defendeu.
A líder bloquista disse querer que o partido vote a favor, mas alertou que será impossível se o executivo mantiver a intransigência.
"Queremos que seja possível construir um orçamento em que votaremos a favor ou, no mínimo, possamos ter uma abstenção para o viabilizar. Mas neste momento estamos a ter uma enorme preocupação porque as matérias essenciais para responder à crise que estamos a viver e que o BE colocou em cima da mesa das negociações logo no início do verão, ainda não tiveram resposta", salientou.
Catarina Martins assegurou, no entanto, que "o BE está absolutamente empenhado" na negociação do orçamento, mas preocupado com "a intransigência do Governo" nas matérias que considera essenciais.