Quatro em cada dez residentes em Portugal não visitam o dentista há mais de um ano, revela o Barómetro da Saúde Oral, segundo o qual faltam todos os dentes a 9% dos portugueses, principalmente mulheres.
Num ano marcado pela pandemia, a percentagem de portugueses que não foram ao médico dentista nos últimos 12 meses subiu quase cinco pontos percentuais, face aos valores de 2019.
Os dados do Barómetro de Saúde Oral, realizado pela consultora QSP para a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), mostram que 17% dos portugueses diminuíram o número de idas ao dentista, sendo que destes, 56,5% justificam a redução com a pandemia e 9,8% com questões monetárias.
Em 2020 o estudo não foi realizado devido à pandemia e os dados deste ano mostram "um agravamento relativamente às não idas da população portuguesa aos médicos dentistas", disse à agência Lusa o bastonário da OMD. Para Miguel Pavão, a situação de pandemia "veio agravar mais ainda a desvalorização da medicina dentária e dos cuidados de saúde oral entre os portugueses", uma tendência que "é necessário contrariar".
O Barómetro, que tem validade estatística, revela que aumentou a taxa de pessoas que afirmam que os gastos com o dentista diminuíram, quer consigo, quer com os familiares, uma evolução em linha com a diminuição da frequência das idas ao dentista.
Dos interrogados, 16,6% diminuíram os gastos pessoais e 10,9% cortaram nas despesas de todo o agregado familiar.
Cerca de 28% nunca visitam o dentista ou apenas o fazem em situações de urgência, ainda assim uma melhoria face a 2019.
Mais de 70% das crianças até aos seis anos nunca vão ao dentista
Barómetro mostra que 73,4% dos menores de seis anos nunca vão a uma consulta de medicina dentária, uma percentagem que subiu face à edição anterior do barómetro, em 2019.
Analisando estes dados, o bastonário da OMD, Miguel Pavão, disse à agência Lusa que este é o dado do barómetro que traz "maior preocupação" aos profissionais.
"Isto significa que há um trabalho a montante a ser feito", defendeu, explicando que a OMD tem apelado para que o cheque dentista contemple crianças "desde tenra idade", numa "visão muito mais preventiva e de promoção da saúde oral".
Segundo Miguel Pavão, o acompanhamento durante a infância acaba por ter "mudanças comportamentais para uma melhor saúde oral da população".
Os dados compilados pelo barómetro indicam que as crianças com idades entre os 10 e os 12 anos são os que mais utilizam o cheque dentista, enquanto os menores com 16 ou mais anos são os que menos utilizam, seguidos das crianças até aos 6 anos.
Quanto à higiene oral, 76,2% dos inquiridos afirmam escovar os dentes com frequência, pelo menos duas vezes ao dia, percentagem semelhante à registada na edição anterior do barómetro.