O especialista em assuntos europeus, Paulo Sande, diz que a abertura das negociações para a entrada na União Europeia (UE) é uma vitória política para a Ucrânia e um “sinal de reforço” do apoio europeu ao governo de Kiev.
Em declarações à Renascença, o antigo consultor político do Presidente da República entende que esta é uma “boa notícia” e uma “surpresa”, por ter sido tão rápida, mas reforça que é preciso garantir apoio financeiro à Ucrânia.
“Esta decisão é um sucesso e é quase decisiva para a Ucrânia, mas ainda está pendente da decisão sobre o pacote financeiro. Dinheiro de que a Ucrânia precisa muito, creio eu, sobretudo por causa da suspensão das verbas [60 mil milhões de dólares], prometidas por Joe Biden. Neste caso [da UE], estamos a falar de 50 mil milhões que, se forem aprovados, representam um balão de oxigénio”, explica.
Paulo Sande recorda que a abertura das negociações não significa que a Ucrânia vá entrar num futuro próximo na UE – e que, por isso, ainda não há repercussões imediatas, nomeadamente militares, para os 27.
“Nos últimos tempos, parecia que isto significava uma entrada imediata da Ucrânia na União Europeia. Está muito longe disso. Este é um processo que pode demorar muito tempo - já agora lembro que a Turquia, por exemplo, negoceia há mais de 20 anos. Aliás, neste processo existe o princípio da reversibilidade: as coisas podem andar para trás e até nunca se concretizar”, remata.