O novo presidente dos CTT, João Bento, afirmou na Assembleia da República que a empresa não vai fechar mais balcões e até irá reabrir alguns que encerrou. Recorde-se que no ano passado 33 concelhos ficaram sem balcões dos CTT.
A atual política dos CTT, diz o seu presidente, é a aproximação aos portugueses, os seus clientes. É provável que a mudança de orientação desta empresa privatizada tenha a ver com a quebra dos indicadores de qualidade dos serviços que presta e com o facto de em 2020 terminar o contrato de concessão do serviço postal nacional.
A Anacom, o regulador desta área, declarou que 2018 foi o terceiro ano consecutivo em que os CTT não cumpriram a totalidade dos serviços a que estão obrigados. A deterioração dos serviços postais manifesta-se, por exemplo, em que 6,5 milhões de cartas terem, nesse ano, chegado demasiado tarde ao seu destino. Por isso é alta a probabilidade que o Estado não renove a concessão aos CTT e retome a gestão da empresa. O PCP e Bloco de Esquerda reclamam reverter a privatização dos CTT.
Mas, independentemente das intenções da atual administração dos CTT, esta mudança lembra que a revitalização do interior tem servido de tema para vários discursos de políticos e pouco mais. As medidas fiscais anunciadas são uma gota de água, incapaz de travar e muito menos reverter uma distância entre litoral e interior que cresce cada vez mais.
Não há uma estratégia clara e realista para impedir a crescente desertificação do interior e simultaneamente a perda de qualidade de vida num litoral sobrepovoado. Apostar em cidades do interior, já que o fim das aldeias é claramente irreversível? Não sabemos e o governo parece também ignorar.