Marcelo em Berlim para sensibilizar Merkel para injustiça de sanções
29-05-2016 - 11:37

Ministro das Finanças alemão terá defendido, numa reunião à porá fechada com os seus homólogos europeus, que Portugal e Espanha deviam ser castigados pelo défice excessivo. Marcelo Rebelo de Sousa alega que portugueses não merecem ser penalizados por umas décimas.

O Presidente da República inicia este domingo uma visita oficial de dois dias a Berlim, com o objectivo principal de sensibilizar as autoridades alemãs para a "injustiça" que representaria a aplicação de sanções a Portugal devido ao valor do défice.

"Há um tema fundamental para tratar em Berlim e esse tema fundamental é o tema das sanções", admitiu o chefe de Estado na quinta-feira.

O tema voltou à agenda europeia e nacional após o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, ter alegadamente manifestado a sua oposição ao adiamento de sanções a Espanha e Portugal, decidido pela Comissão Europeia, durante uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin), na passada quarta-feira em Bruxelas.

"Eu penso que é uma injustiça estar a aplicar sanções a Portugal por causa do ano de 2015 e vou explicar isso. Há razões para isso, não é uma razão sentimental ou emotiva", sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.

Da agenda da visita constam encontros, na segunda-feira, com a chanceler Angela Merkel, com o Presidente alemão, Joachim Gauck, e com o presidente do Bundestag (Parlamento federal), Norbert Lammert.

A todos, Marcelo deverá explicar as diversas razões pelas quais considera inapropriada a aplicação de sanções, tendo em conta que a Alemanha "tem muita influência na altura devida" e deve "jogar com toda essa influência para não aplicar sanções, nem a Portugal, nem a Espanha".

As razões que irá expor, enumerou, são o facto de Portugal ter feito "tudo o que devia ser feito", as divergências serem de contabilização, nunca antes terem sido aplicadas sanções no quadro do pacto de Estabilidade e Crescimento, tal representar "um sinal de falta de compreensão e de solidariedade em relação aos sacrifícios do povo português", e, por fim, não ser "um estímulo para 2016 e para o esforço que é preciso continuar a fazer no plano orçamental".

Além do tema das sanções, que dominará a deslocação do chefe de Estado a Berlim, Marcelo Rebelo de Sousa leva uma segunda mensagem: "o que tem a contar por parte do Presidente da República português é estabilidade política e governativa" – a mesma mensagem que levou ao Parlamento Europeu, durante a sua visita a Estrasburgo, em Abril.

A visita a Berlim tem início este domingo com uma recepção, ao início da noite, a representantes da comunidade portuguesa em Berlim, na residência do embaixador de Portugal na Alemanha.