O Presidente da República condecorou António Spínola e Francisco da Costa Gomes a 5 de julho do ano passado, com o Grande Colar da Ordem da Liberdade, a mais alta insígnia da Liberdade, mas ninguém soube, porque a Presidência não o quis revelar.
Um dia depois, a 6 de julho, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou o almirante Rosa Coutinho, o general Jaime Silvério Marques, Carlos Galvão de Melo e Diogo Neto com um grau inferior, o de Grande Oficial da Ordem da Liberdade.
De acordo com o Jornal Público, a forma discreta como decorreu o processo terá como explicação o facto de Marcelo pretender evitar uma polemica, depois de ter recebido uma carta aberta de várias personalidades na qual era dito que uma condecoração de Spínola seria uma afronta.
Assinavam a carta nomes como Fernando Rosas, Carlos Brito, Maria do Rosário Gama e Francisco Louçã. Os signatários apresentavam a resistência à libertação dos presos políticos e a criação da organização MDLP como motivos suficientes para não atribuir a Spínola o Grande Colar da Ordem da Liberdade.
Em resposta ao jornal Público, fonte oficial da Presidência diz que a informação está nas Ordens Honoríficas, deixando por responder por que razão não foi dada uma nota pública para estas condecorações.
Surpreendida. É desta forma que uma das subscritoras da carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa, que pedia para não condecorar António Spínola, vê a condecoração do general da Junta de Salvação Nacional.
“Não, não sabia. Estou agora a saber que foi condecorado sem disso ser dado conhecimento”, diz à Renascença Maria do Rosário Gama.
A presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados diz que a decisão de Marcelo não tem justificação e que “o Presidente da República saberia que isso iria levar a uma grande contestação pelos ataques que Spínola fez à liberdade e à democracia”.
“Qualquer condecoração para o general Spínola era uma condecoração injustificável e, por isso, o Presidente da República fê-la, parece, clandestinamente. Terá percebido que isso iria contra aquilo que a maior parte das pessoas que defende os valores de Abril defenderia”, remata.