Papa. “A dignidade da pessoa não pode ser espezinhada pelas exigências da produção”
27-02-2016 - 12:33

Num encontro com empresários italianos, Francisco defendeu ainda que as empresas têm de olhar de outra forma para os mais velhos que são marginalizados no mercado de trabalho.

O Papa Francisco apelou a defesa da dignidade do outro, um valor que considera absoluto e inegociável, num encontro que manteve este sábado com empresários italianos.

No Vaticano, o Papa lembrou ser necessário não ceder à ditadura da produção. "Que o vosso rumo seja sempre a justiça, aquele que recusa os atalhos das recomendações e dos favorecimentos e os desvios perigosos da desonestidade e dos conluios fáceis. Que a lei suprema seja sempre a atenção à dignidade do outro, valor absoluto e inegociável”, disse Francisco.

O Papa afirmou que se deve recusar “categoricamente que a dignidade da pessoa seja espezinhada em nome de exigências produtivas que disfarçam miopias individualistas, tristes egoísmos e a sede de lucro”.

Francisco fez também um apelo a que no mundo do trabalho ninguém seja marginalizado, a começar pelos de idade mais avançada.

“No complexo mundo de uma empresa, construir juntos significa investir em projectos que saibam envolver sujeitos muitas vezes esquecidos ou negligenciados (…) E em conjunto com as famílias, não podemos esquecer as categorias mais fracas e marginalizadas como os idosos, que ainda poderiam exprimir recursos e energias para uma colaboração activa, e no entanto são muitas vezes descartados como inúteis e improdutivos”, lamentou.

Neste encontro com empresários italianos, Francisco descreveu o mundo laboral como estando perante barreiras de injustiça, de solidão, de desconfiança e de suspeita, mas apelou aos patrões para “construírem juntos” uma alternativa. No fim, o Papa deixou um apelo para que esta ideia não seja apenas um slogan, mas um programa para o presente e para o futuro.