As empresas nunca tiveram tanto dinheiro no banco como em junho deste ano. Os depósitos ultrapassam os 57 mil milhões, segundo dados do Banco de Portugal. Não são só as famílias que aumentaram as poupanças, os depósitos das empresas também têm subido.
Nunca como agora, sobretudo estando o país a atravessar uma crise, a banca registou uma subida tão elevada dos depósitos. Ao que a Renascença apurou, esta notícia deixa o Banco de Portugal descansado, no mês em que chega ao fim a maioria das moratórias.
Segundo dados do Banco de Portugal, enviados à Renascença, em junho deste ano, os depósitos das empresas não financeiras, residentes no país, chegaram quase aos 57 mil e 400 milhões de euros. Este é o valor mais elevado, desde dezembro de 1979.
Olhando só para os últimos meses, observa-se que os depósitos das empresas começaram a aumentar em março de 2020, com o início da pandemia, e continuaram sempre a subir.
O banco central está otimista, porque tal significa que as empresas não foram descapitalizadas. Mas, sobretudo, mostra que há dinheiro para pagar os encargos, como as moratórias, cujo prazo termina agora em setembro.
Incumprimento das moratórias não é significativo
Alguns dos créditos que estavam suspensos já estão em pagamento, mas, para a maioria, a medida só termina agora no final do mês, porque optaram pela moratória pública.
Segundo os últimos dados do Banco de Portugal, em julho já só estavam abrangidos por moratórias 36,8 mil milhões de euros, menos 0,7 mil milhões do que em junho.
A instituição liderada por Mário Centeno garante que o incumprimento nas moratórias que já terminaram não é significativo.
Com o aumento significativo dos depósitos das empresas, sobretudo nos sectores mais vulneráveis, o aumento do salário médio e das poupanças das famílias, o banco central mostra-se confiante de que as moratórias vão chegar ao fim sem sobressaltos.
Uma pequena percentagem de empresas ainda vai beneficiar da medida até ao final do ano, mas porque aderiu mais tarde. Portugal ainda pediu autorização à Autoridade Bancária Europeia para estender as moratórias, mas a resposta que chegou ao parlamento foi negativa.
De resto, Portugal é dos últimos países a fechar este dossier, os bancos nos restantes estados membros já normalizaram os créditos.