Um grupo de proprietários de restaurantes promove esta segunda-feira uma concentração nos Aliados, no Porto, seguida de marcha lenta até à VCI, para denunciar o "desespero" do setor face às novas restrições anunciadas para combater a pandemia.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Maia, um dos empresários do grupo dinamizador da iniciativa - que diz ter nascido "de forma espontânea" nas redes sociais - explicou que esta reúne cerca de cinco centenas de proprietários de restaurantes (sobretudo do Porto, mas também de Aveiro e Lisboa), que prometem levar os respetivos funcionários para o protesto, com início agendado para as 7h00 no centro da cidade do Porto.
"O objetivo é sensibilizar as pessoas para o que está a acontecer. Neste momento já não suportamos estas novas medidas, é impensável. Já temos casos de fome dentro de portas, investimos todos os lucros de 2019 no primeiro confinamento e não temos apoios", disse.
Garantindo que "o setor está a pão e água", os participantes no protesto vão simbolicamente depositar pão e garrafas de água na avenida dos Aliados, de onde partem depois, em marcha lenta, até à VCI, tendo regresso ao local de partida marcado para as 13h00, hora determinada pelo Governo para o início do recolher obrigatório nos próximos dois fins de semana.
Em causa estão as novas medidas de restrição anunciadas pelo Governo esta madrugada, nomeadamente o recolher obrigatório a partir das 13h00 nos dois próximos fins de semana nos 121 concelhos mais afetados pela pandemia, que se junta ao já determinado encerramento dos restaurantes às 22h30.
"Estão a atacar o setor", acusa Pedro Maia, afirmando que "fechar às 22h30 foi o início do fim, porque foi transmitir às pessoas que os centros de contágio são os restaurantes", e que a situação foi agora ainda agravada com a "retirada da faturação ao fim de semana".
"E o fim de semana é o que, neste momento, nos dá para sobreviver. Cinquenta a 60% da faturação de um restaurante é feita ao fim de semana", salienta.
Segundo o empresário, o protesto agora marcado "é uma mensagem de desespero": "Há pessoas completamente desesperadas, que no final do mês não vão ter dinheiro para pagar aos funcionários. Por isso chamamos à iniciativa "a pão e água", porque é isso que está aqui em questão. Não se trata de uma questão financeira, de perdas ou lucros. É mesmo uma questão de sobrevivência", sustentou.
Falando num "ataque claro à restauração", o empresário garante que, com as novas medidas, esta "vai falir ainda mais e vai, essencialmente, despedir".
"Está toda a gente a dizer que vai começar a despedir, que não tem hipótese. Porque se nos mandassem fechar e nos subsidiassem, como é feito na Alemanha e noutros países, seria completamente diferente. Mas não, não nos estão a obrigar a fechar completamente, mas estão a tirar-nos os clientes", denunciou.
Acusando o Governo de não ter "estratégia nenhuma", Pedro Maia recorda que "primeiro foi [estabelecido] um limite de cinco pessoas por mesa, depois passou a seis, a seguir foi encerrar às 22h30 e agora são os fins de semana".
"É insustentável, o setor está em pânico", garante.