Nos Estados Unidos as atenções estão centradas esta segunda-feira no funeral de George Floyd, em Houston, no Texas, onde ao longo das últimas horas milhares de pessoas compareceram no velório.
Parece ter acalmado a onda de violência que percorreu o país na sequência da morte deste afro-americano, de 46 anos, por um polícia de Minneapolis, embora prossigam os protestos contra o racismo e a violência policial.
A brutalidade com que o americano foi morto a somar à pandemia, que faz da América o país mais afectado em óbitos e infectados e ainda a queda da economia são uma "junção explosiva" que, para o especialista em política americana, Germano Almeida que vai fazer "notar-se" as "diferenças entre os mais vulneráveis e os mais desfavorecidos e aqueles que mais podem aguentar a crise".
Ou seja, a quatro meses e meio das presidenciais nos Estados Unidos da América, as desigualdades económicas e sociais podem tornar imprevisível o resultado das eleições que opõem o actual presidente republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden.
Germano Almeida refere, de resto, que "Trump, que tinha uma pequena desvantagem nas sondagens nacionais mesmo durante a pandemia antes deste caso [ a morte de George Floyd ] saiu ontem uma sondagem na CNN que dá maior diferença, uma diferença de 14 pontos de Biden para Trump, nos Estados decisivos não tão grande, mas Biden à frente e muito a mostrar que são os negros e os hispânicos que dão essa vantagem aos democratas, embora também no eleitorado branco Trump tenha alguma dificuldade".
Este especialista e política americana faz, contudo uma ressalva e considera uma incógnita o resultado final das presidenciais, tendo em conta que faltam quatro meses e meio para as eleições e há um dado que pode neste momento enganar, ou seja, se vai ou não ser possível mobilizar o voto dos negros nestas eleições.
"Os negros na América já votavam em massa nos democratas, não será novidade que votem em massa em Joe Biden, mas a grande questão é se deverão ser mobilizados ou não", com Germano Almeida a salientar que "há quatro anos Hillary Clinton não conseguiu mobilizar suficientemente para as urnas os negros para derrotar Donald Trump".
A maior incógnita explica Germano Almeida são "os Estados decisivos, os três Estados em que Trump inesperadamente bateu Clinton em 2016 [Wisconsin, Pensilvânia e Michigan] e que, em princípio, Biden terá agora de ganhar a Trump", notando que "nesses Estados os negros não são assim tão importantes porque são Estados muito brancos na sua composição demográfica".
A rematar, este analista nota a ironia de os democratas terem escolhido "um candidato mais moderado preterindo um candidato que tinha uma plataforma de ideias de ataque às desigualdades sociais e insistência num Serviço Nacional de Saúde que era Bernie Sanders", e, sendo assim "para Joe Biden será fundamental conquistar o campo Sanders e mobilizá-lo para as urnas se quiser derrotar Donald Trump em Novembro".