O padre Vitor Ramos que no âmbito dos seus estudos de direito canónico, na Universidade Pontifícia de Salamanca estudou com profundidade o tema adiante em declarações à Renascença que “estas associações estão há várias décadas numa fase de crise e de decadência, e de envelhecimento dos seus membros” a que se associa “um certo esquecimento por parte dos pastores e dos párocos”.
Por outro lado, o especialista aponta “a valorização e surgimento de outras formas de apostolado laical que ajudaram a colocar as Confrarias e Irmandades em Portugal numa fase de grande decadência”. A que acresce ainda “um esquecimento daquilo que é o valor da piedade popular que o nosso Papa Francisco tanto nos chama a atenção e valoriza”.
O sacerdote é um dos participantes no IV Fórum Paneuropeu de Irmandades que vai decorrer este fim de semana em Mafra. O padre Vitor tem prevista uma intervenção sobre “Confrarias e Irmandades em Portugal: elementos para uma visão global”.
À renascença admite que o pior já terá passado até porque “esse esquecimento já começa a ser ultrapassado” e diz ter esperança de que “a realização deste fórum seja também uma alavanca para a revitalização destas instituições que são uma expressão antiga, bela e atual do apostolado dos leigos”.
“Eu tenho esperança desse rejuvenescimento. É certo que nunca voltaremos aos números da época áurea das confrarias e irmandades do seculo XVIII, mas há sinais bastante positivos tanto no contexto mais rural como no contexto urbano e portanto, eu quero esperar que a realização deste fórum e também este olhar mais atento dos nossos pastores sobre esta realidade seja o início desta fase de rejuvenescimento e de revitalização destas associações religiosas”, acrescenta.
O padre Vitor lembra que “as nossas Confrarias e Irmandades são depositárias de um vasto património não só do património material - igrejas, museus, alfaias litúrgicas - mas também de um património imaterial da nossa tradição, da fé que premiou a cultura portuguesa”, dando o exemplo do Senhor dos Passos que “prolifera por todo o território nacional e também pelos territórios da expansão nacional”.