Pelo menos 159 pessoas estão ainda desaparecidas na sequência desabamento de parte de um prédio residencial de 12 andares em Surfside, Flórida (EUA). Desde a madrugada de quinta-feira que equipas de resgate vasculham a área em busca de sobreviventes.
Segundo a BBC, pelo menos quatro pessoas morreram.
O incidente foi capturado por uma câmara de videovigilância com sensor de movimento, instalada num apartamento do 7.º andar do edifício.
Rosie Santa é a proprietária da câmara de videvigilâncis. À CNN, explica que sempre que sai por períodos mais alargados, deixa a câmara ligada. “Este é o nosso apartamento, o apartamento de minha família. [A câmara] só ativa quando deteta movimento. Detetou movimento, gravou aquela peça e depois perdeu a conexão”, diz.
O apartamento desta moradora “foi um dos que desabou”. Era usado para férias e a família tinha lá estado nas últimas três semanas.
Em busca de vida
Até agora, há registo de quatro mortos e 11 pessoas feridas, tendo 102 já sido resgatadas dos escombros. As buscas decorrem 24 sobre 24 horas. Há testemunhas que relatam ter ouvido pessoas nos escombros.
Ao cair da noite, centenas de equipas recorreram a câmaras de sonar e cães especialmente treinados para procurar sobreviventes. Cavaram túneis e entraram num estacionamento subterrâneo do prédio.
“Não vão desistir. Vão trabalhar dia e noite e não vão parar”, garantiu o diretor da polícia de Miami-Dade, Freddy Ramirez, aos jornalistas no local, citado pela BBC.
A equipa do Miami-Dade Fire Rescue é experiente, tendo participado nas operações de resgate no Haiti e no México, relata a CNN.
“Este trabalho é tão perigoso e trabalhoso que literalmente se movem centímetro a centímetro”, refere um elemento da equipa. “Estão trabalhando com engenheiros estruturais para amparar o prédio, construir túneis e ouvir sons, em busca de sinais de vida”, acrescenta.
Segundo a mesma fonte, os desafios são muitos. “Este é um prédio residencial, então, os canos estouraram. Há fumo. Há gás. Há também veículos. Há muita coisa para lidar enquanto se tenta encontrar sinais de vida”, explica ainda.
Esperança até ao fim
Há ainda muitas famílias por encontrar. A irmã e o cunhado da primeira-dama do Paraguai, Silvana López Moreira, são um exemplo. Moravam com os três filhos no 10º andar do prédio que desabou e ainda não foram localizados, avança a CNN.
Além disso, há seis paraguaios desaparecidos, seis venezuelanos, três uruguaios, seis colombianos e nove argentinos (incluindo um casal e a sua filha de seis anos). Há ainda indicação do desaparecimento de uma comunidade judaica.
A mãe e a avó de Pablo Rodriguez estavam na parte do edifício que primeiro desabou.
“Até sabermos definitivamente [se morreram], tentamos manter a esperança. Mas depois de ver o vídeo do desabamento é cada vez mais difícil, porque elas estavam naquela seção que levou com as outras. O outro prédio caiu em cima, por isso não é fácil”, admite à CNN.
A polícia de Miami criou um centro de reunificação destinado a quem procura familiares ou amigos desaparecidos e uma linha telefónica para o mesmo efeito.
Estado de emergência
O Presidente norte-americano, Joe Biden, aprovou a declaração de estado de emergência para a Flórida, na sequência da tragédia em Surfside.
A agência federal de gestão de emergências poderá, assim, ajudar as agências estduais nas operações de socorro.
Edifício estava a afundar-se
Para já, não há causas para o desabamento do edifício. A investigação está em custo e nela participam engenheiros civis, segundo o Departamento de Polícia do Condado de Miami-Dade.
Mas Shimon Wdowinski, professor do Instituto de Ambiente da Universidade Florida International, diz que o prédio estava a afundar-se desde a década de 1990.
De acordo com este especialista, que estudou o edifício na altura, o condomínio cedeu cerca de dois milímetros por ano entre 1993 e 1999.
Embora considere que esse afundamento não terá causado, só por si, a derrocada, Wdowinski diz que pode ter contribuído para a tragédia. “Se uma parte do edifício se mover em relação à outra, pode causar alguma tensão e rachaduras”, explica à CNN.