O futebol na televisão foi abruptamente interrompido por rajadas de metralhadora e gritos de pânico. José Manuel Viana mora ao lado do restaurante “Le Carillon”, um dos alvos dos atentados de sexta-feira, em Paris.
Este emigrante português estava em casa a ver o França – Alemanha, com os filhos, quando um carro pára na rua e abre fogo, poucos minutos depois de se ouvirem na televisão explosões nas imediações do Stade de France.
“Dois ou três minutos depois, ouviram-se dois tiros e, logo a seguir, duas rajadas. Vimos que era muito grave. Estava sentado no sofá a ver o futebol e ouvi gente a gritar, barulho de cadeiras. Nesse momento, meto a cabeça de fora da janela e parecia o fim do mundo”, conta José Manuel Viana.
O ataque contra o restaurante “Le Carillon” provocou a morte a 15 pessoas. Quem conseguiu sobreviver aos disparos dos jihadistas fugiu para onde podia.
“Abrimos a porta do nosso imóvel. Essa gente que estava lá toda em pânico fugia para todos os lados, mas não queria ir embora porque tinha lá um amigo ou um colega que ficou no café. Entraram para o nosso hall”, recorda José Manuel.
O emigrante português saiu à rua pouco tempo depois e encontrou um cenário de horror. “Quando virei a rua Bichat vi entre dez e 15 pessoas umas por cima das outras, algumas crivadas de balas”.
Ao pé das velas, das flores e dos cartazes de homenagem às mais de 80 pessoas que morreram na sala de espectáculos Bataclan – outro dos alvos dos terroristas -, José Manuel diz à Renascença que o medo não vai desaparecer tão cedo em Paris.
“São ataques seguidos e pode tocar não importa quem”, afirma o emigrante que viveu perto demais os atentados de sexta-feira em Paris, que provocaram 130 mortos e dezenas de feridos.