Um hospital bem equipado, mas com um número de recursos humanos muito pobre. Sem surpresas, esta foi a conclusão de Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, que esta terça-feira esteve reunido com os profissionais do Hospital de Portimão.
"Tenho a informação que na medicina interna uma médica que chegou fez 350 horas extraordinárias em três meses, isto significa que transformando num sistema anual são mais de 1000 horas", lamenta.
Alexandre Valentim Lourenço defende que a falta de médicos se deve ao facto de não haver um horizonte de carreira para estes profissionais e apela a uma reorganização da carreira médica.
Enquanto isso não acontece, esperam-se mais encerramentos no bloco de partos de Portimão e na pediatria de Faro nos próximos meses.
"Em setembro teremos uma organização semelhante das escalas. Para resolver problemas vamos continuar a transportar grávidas e ter encerramentos parcelares. Isto não se resolve com estes pensos rápidos que só resolvem pequenas situações momentaneamente", alerta.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos não descarta a hipótese da maternidade de Portimão encerrar de vez e serem concentrados recursos em Faro.
"É possível que o tipo de serviço que se faça aqui tenha que ser diminuído, mas também temos que garantir que ficam aqui profissionais a garantir um nível básico de serviços de proximidade à população e algo muito diferenciado que tenha que ser feito em Faro", explica.
Independentemente do caminho a seguir, Alexandre Valentim Lourenço garante que é preciso reforçar os sistemas de transporte inter-hospitalar.
"Os sistemas de transporte inter-hospitalar são muito maus, são muito fracos. Nós temos uma ambulância de transporte de recém-nascidos com um único médico que anda a passear de um lado para o outro do Hospital e que também é o responsável da unidade de cuidados intensivos de neonatologia de Faro."
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos diz que "já devia estar nomeado o novo ministro da Saúde" porque, defende, "falta um plano para modificar o sistema de saúde".