Os eleitores norte-americanos estão profundamente desagradados com a situação atual nos Estados Unidos, demonstrando preocupação com a alta inflação, e desaprovam a governação de Joe Biden, de acordo com sondagens divulgadas hoje pela Associated Press (AP) e CNN.
Os norte-americanos que votaram nas eleições intercalares que se realizam esta terça-feira manifestaram estar profundamente desencorajados com a situação atual dos Estados Unidos e com o seu futuro, segundo a sondagem da AP.
A alta inflação e preocupações com a fragilidade da democracia tiveram influência nas suas decisões de voto, acrescenta.
O retrato detalhado do eleitorado norte-americano é baseado em resultados preliminares do VoteCast, uma extensa sondagem com mais de 90.000 eleitores em todo o país realizada para a AP pela NORC na Universidade de Chicago.
Metade dos eleitores refere que a inflação influenciou significativamente o seu voto, visto que produtos alimentares, gasolina, habitação e outras despesas dispararam este ano, dando espaço aos Republicanos para criticarem o Presidente Joe Biden.
Um pouco menos - 44% - disseram que o futuro da democracia era a sua principal consideração, sendo que durante a campanha, Biden alertou para a ameaça à democracia representada pelos Republicanos, e em particular pelos pró-Donald Trump.
Desde as eleições de 2018 que os eleitores se sentem cada vez mais desmoralizados à medida que as divisões políticas do país se acentuam.
Aproximadamente três quartos dizem que o país está a ir na direção errada, um número superior às sondagens VoteCast a eleitores em 2018 e 2020.
A inflação tem sido um duro golpe para o bem-estar de muitos norte-americanos e um terço dos eleitores referiu que as suas famílias têm problemas financeiros, quase o dobro da percentagem de eleitorado que apontou esse problema há dois anos. Uma percentagem semelhante diz que não está confiante de que pode acompanhar as suas despesas.
Por outro lado, os Democratas procuram aproveitar a indignação do seu eleitorado com a decisão do Supremo Tribunal em anular a lei Roe v. Wade, a decisão de 1973 que consagrava o direito ao aborto.
De forma geral, sete em cada dez eleitores disseram que a decisão foi um fator importante para as decisões de voto nas intercalares.
O VoteCast também mostra que a reversão foi amplamente impopular: cerca de seis em cada dez dizem que estão com raiva ou insatisfeitos com essa decisão do Supremo. Cerca de seis em cada dez disseram que são a favor de uma lei que garanta o acesso ao aborto legal em todo o país.
A criminalidade também foi um fator importante para a maioria dos eleitores, com metade a referir que o Governo de Biden tornou o país menos seguro.
Segundo a sondagem da estação CNN, 39% dos eleitores nestas intercalares estão insatisfeitos com o rumo do país, 34% sentem 'raiva', 20% estão satisfeitos e 5% entusiasmados.
Quanto à opinião sobre o papel de Joe Biden enquanto Presidente norte-americano, 54% desaprova a sua governação e apenas 18% votaram em apoio ao Democrata, face aos 32% que votaram contra e 48% que referiram que Biden não foi um fator para o seu voto.
Por fim, 46% dos inquiridos disseram que as políticas de Biden tiveram um efeito nefasto no país, face aos 36% que referiram que as medidas tomadas ajudaram os EUA e 16% que disseram que não fizeram diferença.
As eleições intercalares norte-americanas que hoje se realizam determinarão qual o partido que controlará o Congresso nos dois últimos anos do mandato do Presidente Joe Biden, estando também em jogo 36 governos estaduais e vários referendos estaduais a medidas sobre questões-chave, incluindo aborto e drogas leves.
Em disputa estarão todos os 435 lugares na Câmara dos Representantes, onde os democratas atualmente têm uma estreita maioria de cinco assentos, e ainda 35 lugares no Senado, onde os democratas têm uma maioria apenas graças ao voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris.
As eleições podem não apenas mudar a cara do Congresso norte-americano, mas também levar ao poder governadores e autoridades locais totalmente comprometidos com as ideias de Donald Trump. Uma derrota muito pesada nestas próximas eleições pode complicar ainda mais o cenário de um segundo mandato presidencial para Joe Biden.