O número de democratas a pedir o afastamento de Joe Biden da campanha presidencial continua a aumentar. Uma nova onda de pedidos surgiu esta sexta-feira, elevando para 33 o número de congressistas e senadores do Partido Democrata que querem outro candidato às eleições de 5 de novembro para a Casa Branca, num dia em que a campanha de Biden reafirmou que o atual Presidente vai ser candidato.
Segundo as contas do “The Washington Post”, 12 membros eleitos dos democratas pediram esta sexta-feira para Joe Biden desistir da nomeação do partido e abrir para outro candidato à presidência, como Kamala Harris. Entre os pedidos está o de um senador do Novo México - um estado decisivo na eleição presidencial.
O pedido mais recente é do senador Sherrod Brown, do Ohio, que luta pela reeleição este ano e é um dos democratas com mais peso na câmara alta do Congresso dos Estados Unidos da América.
As más notícias para o Presidente de 81 anos não devem parar por aqui. De acordo com a “Axios”, os pedidos vão continuar a surgir a um ritmo acelerado enquanto Biden não desistir. Na quinta-feira, uma notícia dava conta que Joe Biden poderá decidir desistir já este fim de semana.
Apesar disso, a campanha de Biden garante que o Presidente vai continuar a ser candidato, mesmo reconhecendo que as últimas semanas têm sido “duras” e marcadas por “alguma derrapagem” no apoio.
Em entrevista ao programa “Morning Joe”, da “MSNBC” - que será um dos programas favoritos de Joe Biden –, o diretor da campanha, Jennifer O’Malley Dillon, declarou que Biden vai “absolutamente” ficar na corrida à Casa Branca, e acrescentou que o Presidente dos EUA é “a melhor pessoa para enfrentar Donald Trump”.
“O povo americano sabe que o Presidente é mais velho. Eles veem isso. Eles sabiam isso antes do debate”, assegurou o responsável, apontando que há “muito trabalho a fazer para assegurar os americanos de que sim, ele é velho, e ele consegue desempenhar as funções”.
E nem todos os congressistas democratas querem que Biden desista das eleições presidenciais. A proeminente e progressista Alexandria Ocasio-Cortez fez, na quinta-feira, um direto de uma hora na rede social Instagram, depois partilhado por uma conta oficial da campanha Biden-Harris na rede social X, em que defendeu a permanência de Biden no topo da candidatura.
Também o senador Bernie Sanders, do Vermont, tem defendido em entrevistas que a candidatura de Joe Biden continue. "Ele tem sido o Presidente mais forte, mais progressista no meu tempo de vida", disse o independente de 82 anos, ligado ao Partido Democrata, no programa "The Late Show with Stephen Colbert".
Líderes democratas querem outro candidato, mas não o dizem em público
A quinta-feira foi marcada pela notícia de que o ex-Presidente Barack Obama terá indicado que Biden deve reavaliar a viabilidade da atual candidatura à Casa Branca.
Entre outros líderes citados a pedir o afastamento de Biden estão ainda Nancy Pelosi, ex-líder da Câmara dos Representantes; Chuck Schumer, o líder dos Democratas no Senado; Hakeem Jeffries, o líder dos Democratas na Câmara dos Representantes; e Adam Smith, ex-líder do Comité de Informações no Senado, que acabou por o declarar formalmente ao “Los Angeles Times”.
Segundo o “The Washington Post”, Nancy Pelosi está a assumir um papel forte nos bastidores para resolver a atual crise política, servindo de intermediária entre os democratas insatisfeitos e temerosos de uma derrota geral do partido em novembro e a Casa Branca.
Pelosi já pareceu indicar na semana passada que Biden devia reconsiderar a decisão de permanecer na eleição presidencial, quando disse que o Presidente devia "tomar uma decisão" sobre a campanha logo depois deste ter dito que não desistia.
As sondagens continuam a mostrar uma queda de apoio para Joe Biden. Na mira dos Democratas estão as sondagens nos estados do Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, cruciais para ultrapassar a fasquia dos 270 votos eleitorais no Colégio Eleitoral.
Já a campanha de Trump tem vindo a público apelidar os pedidos de desistência de Biden como uma “tentativa de golpe”, como disse o conselheiro Chris LaCivita numa entrevista na quinta-feira.
Joe Biden está em isolamento na casa de férias no Delaware desde que foi diagnosticado com covid-19 na quarta-feira – no mesmo dia em que disse que reavaliaria a candidatura se surgisse “alguma condição médica”.