“Tauromaquia para todos” e “Portugal sem touradas” – são assim, antagónicos, os títulos de dois dos projetos vencedores do Orçamento Participativo Portugal (OPP) a nível nacional. Os vencedores foram divulgados esta quinta-feira depois de um processo de escolha por voto eletrónico.
O momento do anúncio criou agitação no Palácio Foz, onde decorreu a cerimónia. Quando foi anunciado o “Tauromaquia para todos” houve mesmo insultos e gritos de “Tortura não!” por parte dos anti-tourada, enquanto os defensores da tourada os mandavam calar.
O OPP é uma iniciativa do Governo que concede 5 milhões d euros do orçamento do Estado para projetos propostos pelas populações e, depois, sujeitos a voto eletrónico. Num primeiro momento são feitas reuniões locais para a apresentação de projetos, que podem ser de âmbito nacional, regional ou intermunicipal.
Depois, o Governo faz uma seleção dos projetos para ver se estão conforme às regras do OPP e segue-se um processo de voto eletrónico.
Já no ano passado um dos projetos vencedores previa a defesa da cultura tauromáquica em Portugal. Este ano, um dos projetos vencedores a nível nacional tem por objectivo “a criação de um programa de difusão de informação e conhecimento sobre a cultura tauromáquica de Portugal, na sua diversidade territorial e multiplicidade temática, na sua componente material e na sua componente imaterial, aos cidadãos”.
Este programa, como se lê na apresentação, estará baseado em dois pilares: criação de conteúdos e materiais informativos e pedagógicos sobre a cultura tauromáquica que permitam o seu conhecimento e a sua compreensão junto de crianças e adultos e criação de ações e campanhas de informação e interação com os cidadãos, acercando-os a esta cultura, não esquecendo o contexto escolar.
Este projeto tem um custo previsto de 50 mil euros que serão, assim financiados pelo Orçamento do Estado. O mesmo orçamento que irá financiar – mas com 200 mil euros – o “Portugal sem Touradas”, outro dos proejctos vencedores.
“O projeto Portugal sem Touradas (PST) é uma iniciativa de cidadãos que visa uma intervenção informativa e educativa sobre a catividade tauromáquica junto da população portuguesa. O principal objetivo do projeto é desmistificar os princípios em que a catividade se autojustifica e contribuir para a construção de um pensamento crítico face à mesma no seio da sociedade português”, lê-se na apresentação do projecto.
Esta iniciativa prevê um conjunto de campanhas e actividades, como “um circuito de actividades didáticas junto das escolas em vários municípios do país, dinamizadas por uma equipa pedagógica e multidisciplinar, bem como a criação e disponibilização de materiais pedagógicos para professores sobre a senciência animal e valores de respeito pelas outras espécies animais, sensibilizando para o cumprimento da recomendação feita a Portugal em 2014 pelo Comité da ONU dos Direitos das Crianças”.
O terceiro projeto de âmbito nacional vencedor do OPP chama-se “Feira das Lambarices” e prevê gastar 300 mil euros num “mega evento cultural que consiga atrair bastantes pessoas para que seja possível promover doces nacionais”. O evento terá três dias, deve realizar numa aldeia turística do concelho de Águeda chamada Vale Domingos e pretende promover produtos tradicionais como ovos moles de Aveiro, pão de ló de Ovar, Pasteis de Águeda, queijada da Madeira, - pasteis de Belém. tortas de Azeitão, pudim abade de priscos de Braga, orelhas de abade do Alentejo ou barriga de freira de Coimbra.
Veja aqui todos os projetos vencedores.