A Rússia suspendeu, esta segunda-feira, o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos. O eventual fim do acordo poderá vir a trazer consequências tanto para a União Europeia como para Portugal.
Em declarações à Renascença, o diretor-geral da Confederação dos Agricultores em Portugal (CAP), Luís Mira, explica que uma eventual solução pode passar pelos “operadores em Portugal comprarem cereais noutros destinos, como na América do Sul, EUA ou Canadá, onde o transporte é ligeiramente mais caro”.
O diretor compara a situação “com a questão colocada sobre a energia no princípio da guerra”. Inicialmente, falava-se que “haveria um grande problema, mas acabou por não haver problema nenhum”, refere. "A Europa encontrou outros fornecedores, assim como vai fazer na questão dos cereais. Pode haver algum aumento do preço, mas nada de novo”.
No entanto, se o bloqueio for definitivo e “não mais uma ameaça”, tudo "vai depender do que acontecer a nível de preços no mercado mundial". "Se isso levar a uma nova escalada vai ter sempre efeito em Portugal”, diz.
Luís Mira recorda que, a nível nacional, há uma maior “necessidade de importar mais do que relativamente à maioria dos países”, o que pode não ajudar. A “Ucrânia era o grande fornecedor, embora a própria Europa tenha uma boa capacidade de produção de cereais”, recorda.
Turcos e russos reúnem
Apesar do impasse, o Presidente da Turquia acredita que Vladimir Putin quer continuar com o acordo que permite a exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro. Recep Tayyip Erdogan promete falar tanto com Putin como em entrar em contacto o ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
“O meu ministro deve falar por telefone [com o homólogo russo] e eu falarei com Putin assim que voltar", remata.