A Guarda Nacional Republicana registou, entre 2010 e Setembro deste ano, perto de 20 mil burlas em Portugal Continental. Esta força de segurança alerta a população para que adopte uma "postura de desconfiança" e que dê conta destes crimes às autoridades.
A grande parte dos lesados é abordada por estranhos, falsos funcionários públicos ou de empresas, a quem entregam dinheiro ou bens.
Os dados recolhidos pela GNR na sua área de intervenção, que abrange cerca de 90% do território nacional continental, indicam que em 2010 se registaram 3.100 burlas, 2.924 em 2011 e nos dois anos seguintes verificou-se um aumento: 3.482 em 2012 e 3.657 em 2013.
Segundo um relatório desta força de segurança, a que a agência Lusa teve acesso, em 2014 a GNR sinalizou 3.554 burlas, e recebeu nos primeiros nove meses deste ano 2.875 denúncias por este tipo de crimes. Em termos globais nacionais, a GNR registou, de Janeiro de 2010 até 30 de Setembro deste ano, 19.592 burlas cometidas nos 18 distritos do país.
Porto (2.510 burlas), Setúbal (2.400), Faro (2.399), Lisboa (1.943) e Aveiro (1.871) são, destacados, os distritos onde se registaram mais burlas desde 2010, sendo os idosos os principais alvos dos burlões.
O relatório refere que 14.163 das 19.592 burlas foram praticadas por falsos funcionários de serviços públicos, nomeadamente da Segurança Social, ou de empresas como a EDP - Energias de Portugal ou dos CTT - Correios de Portugal, que, através de "esquemas ardilosos", enganam e convencem as vítimas a entregarem dinheiro e bens, como ouro.
Nestas mais de 14.100 burlas incluem-se, também, os esquemas fraudulentos de arrendamento de casas para férias no Algarve, levados a cabo através da internet.
Quanto às restantes burlas registadas pela GNR, desde 2010, há a assinalar burlas informáticas e nas comunicações, na obtenção de alimentos, bebidas e serviços, burlas relacionadas com fraude bancária, relativas a trabalho/emprego e burlas envolvendo seguros.
Pede-se postura de desconfiança
"Estamos preocupados. É um crime que atinge as pessoas mais vulneráveis, sobretudo os mais idosos, que não têm tantos conhecimentos e que acabam por ser vítimas de pessoas que, de forma ardilosa, lhes levam bens materiais, dinheiro e ouro", disse à agência Lusa o porta-voz da GNR, major Marco Cruz.
O oficial admitiu que o número de burlas cometidas seja superior às registadas e apelou aos cidadãos que denunciem estes crimes.
"A denúncia é extremamente importante. Acreditamos que este registo que nós temos pode não corresponder àquilo que são, de facto, as burlas em termos reais. As pessoas acabam por não denunciar, maioritariamente por vergonha ou por medo, mas é importante a denúncia para que outras pessoas não venham a ser vítimas desses grupos", sustentou.
O burlão tipo caracteriza-se por ser bem-falante, bem apresentado, fazendo-se passar por funcionário de instituições públicas com credibilidade, nomeadamente da Segurança Social.