O presidente do PSD, Luís Montenegro, disse esta quarta-feira à noite que "nunca" vai "legitimar atos de indisciplina", mas rejeitou que se faça uma "prévia condenação" dos militares da Marinha que se recusaram a embarcar no navio Mondego.
"Espero que a Marinha portuguesa faça uma avaliação bem profunda, sem complexos, daquilo que se está a passar, para sabermos quem é que tem razão", afirmou o líder do PSD, numa intervenção em Évora, esta noite.
Apesar de referir que "nunca" vai "legitimar atos de indisciplina", Montenegro ressalvou que "podemos ter razões para compreender aqueles que se recusaram a fazer aquela operação e temos de ter abertura de espírito para isso, não partir já para uma prévia condenação desse ato".
O líder social-democrata discursava numa assembleia distrital de Évora do partido, na qual tomou posse a nova comissão política distrital, presidida por Francisco Figueira.
Na iniciativa, no âmbito das Jornadas "Construir a Alternativa", o líder social-democrata considerou que o PSD está "no bom caminho, ao contrário do Governo".
E está "a construir a alternativa política para quebrar [o] círculo de empobrecimento do país que deixa as pessoas à porta do hospital, que fecha urgências, que deixa navios atracados da nossa marinha porque a respetiva guarnição é a primeira a reconhecer que não havia condições de segurança para haver a operação que estava prevista", criticou.
Continuando a aludir ao episódio dos 13 militares da Marinha Portuguesa que se recusaram a embarcar o navio Mondego alegando falta de condições de segurança, no sábado à noite, para uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira, Luís Montenegro disse que cabe ao Chefe do Estado-Maior da Armada aferir o que aconteceu.
"Há uma coisa que eu sei: as nossas Forças Armadas precisam de disciplina, não há dúvida nenhuma, mas a disciplina tem de ser escrutinada por aqueles que são os destinatários das orientações e também por aqueles que são os emissários das orientações", afirmou.
Defendendo que é necessário que haja "maturidade" para que "todas as responsabilidades" possam ser apuradas, o presidente social-democrata "apontou baterias" igualmente ao Governo e ao primeiro-ministro, António Costa.
Montenegro disse que quer saber se o Chefe do Governo "está em condições" de "assegurar a Portugal que a Marinha tem todos os equipamentos e todos os recursos para cumprir a sua missão".
"Não é de dizer, como disse hoje, que o almirante Gouveia e Melo vai tratar de saber se houve ou não houve respeito pelas regras de disciplina", porque "isso não é a função do PM", criticou.
"Porque as notícias que nos chegam é que há várias embarcações da Marinha portuguesa que não estão em condições de operar de forma absolutamente segura e não podemos ter dúvidas quanto a isso, porque está em causa, efetivamente, a nossa soberania e a nossa responsabilidade de preservar uma das maiores riquezas que temos, que é a nossa plataforma marítima", realçou.