O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que a Conferência dos Oceanos, organizada pelas Nações Unidas esta semana em Lisboa, acontece "no momento certo", por várias razões, entre elas porque diz ser necessário "recuperar o tempo perdido e dar uma oportunidade à esperança".
Marcelo falava na abertura do evento, que se realiza até sexta-feira, 1 de julho, no Parque das Nações, na capital portuguesa.
No seu discurso de abertura, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a importância do evento, que foi sendo adiado durante dois anos devido à pandemia de Covid-19, mesmo no atual contexto de restrições, entre as quais a Guerra na Ucrânia.
"Os politicos vão, os oceanos ficam. Estão aqui há milhões de anos, ainda antes de existir Humanidade, e aqui existirão por milhões de anos, desde que cuidemos dos oceanos e deixemos de os matar", exortou o chefe de Estado.
Quénia quer oceanos no centro das economias
Após o discurso de Marcelo, tomou o púlpito Uhuru Kennyatta, Presidente do Quénia, país coorganizador do evento.
Do Parque das Nações para o mundo, Kenyatta apelou à construção urgente de uma economia baseada nos oceanos, defendendo que, se estes forem mais bem geridos, poderão produzir seis vezes mais alimentos e 40 vezes mais energia renovável.
Os oceanos podem "produzir até seis vezes mais comida, gerar 40 vezes mais energia renovável do que atualmente, e ajudar a tirar da pobreza milhões de pessoas em todo o mundo", destaca Kenyatta
“Precisamos urgentemente de construir uma economia baseada nos oceanos, onde a proteção eficaz, a produção sustentável e a prosperidade equitativa vão de mãos dadas. Estas ações devem ser tomadas coletivamente porque o oceano é um bem comum global”, disse o chefe de Estado queniano, na abertura da Conferência dos Oceanos.
No seu discurso, após ser eleito, juntamente com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, Kenyatta defendeu que, se o oceano for gerido de forma mais sustentável, pode "produzir até seis vezes mais comida, gerar 40 vezes mais energia renovável do que atualmente, e ajudar a tirar da pobreza milhões de pessoas em todo o mundo".
"No oceano, portanto, reside um grande risco, bem como uma grande oportunidade. O peso da escolha está em cada um de nós”, disse.
O Presidente do Quénia sublinhou ainda que o objetivo de desenvolvimento sustentável (ODS) 14, que prevê a conservação e uso sustentável dos oceanos, é o mais subfinanciado dos 17 ODS.
“O oceano é o recurso mais subestimado do nosso planeta. A maioria de nós não compreende quão central é o oceano para a existência humana”, lamentou Kenyatta.
Autarquias como ponte entre intenções e ações
Ainda na cerimónia de abertura da conferência, o presidente da Câmara de Lisboa considerou que os autarcas podem ser a ponte entre as medidas abstratas e as políticas concretas de proteção dos oceanos e recursos hídricos.
"As cidades são atualmente as plataformas do agora, as plataformas que ligam os cidadãos aos vossos objetivos", destacou Carlos Moedas. "Por isso, contem com as cidades, contem com Lisboa, e deixem a Torre de Belém inspirar-vos, como inspirou, ao longo dos séculos, os marinheiros e navegadores a enfrentar o desconhecido, a aumentar as ambições e a abraçar o nosso oceano comum".
Mais de 7 mil pessoas, entre elas representantes de 140 países, alguns ao mais alto nível, participam a partir de hoje em Lisboa na segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, o maior evento de sempre dedicado ao tema.
Depois de há cinco anos ter decorrido em Nova Iorque a primeira conferência, Portugal, em conjunto com o Quénia, organiza o segundo encontro, sob o lema “Salvar os Oceanos, Proteger o Futuro”.