O primeiro-ministro, António Costa, apela ao cancelamento da greve dos camionistas de matérias perigosas para que seja possível um "diálogo total".
“Quero manifestar a satisfação por, ao longo da semana, ter sido assinado acordo com o principal sindicato do setor, a Fectrans. E ontem, o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias ter desconvocado a greve”, declarou António Costa no final de uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém.
O primeiro-ministro deixou uma palavra de “gratidão às forças armadas e de segurança pela forma exemplar como têm desempenhado as suas funções” durante a greve e elogiou o “civismo dos portugueses”.
Apesar dos vários dias de greve dos motoristas de matérias perigosas "o país não parou", sublinhou António Costa, que defendeu o nível de serviços mínimos decretados, entre 50% a 100%, e a requisição civil. "Tivemos uma intervenção minimalista para evitar perturbações e tornar possível o diálogo e o funcionamento do país", resumiu.
O governante espera que haja um reatar das conversações entre o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e a Antram, que permite a desconvocação total da greve, nesta "segunda quinzena de agosto" .
"Ainda não foi concluído este trabalho, mas a esperança é a última coisa a morrer e vamos fazer aquilo que nos compete fazer. Mais de uma vez disponibilizamo-nos para sermos mediador no conflito, isso foi recusado, mas vamos fazer tudo o que for adequado para respeitar o direito à greve e evitar que o país seja paralisado. Esperamos estar na ponta final desta greve", declarou.
Críticas à ausência de Rui Rio
Por três vezes, António Costa referiu-se à ausência do líder da oposição, Rui Rio, que falou esta sexta-feira à comunicação social, acusando o Governo de ter montado um "circo mediático" para tirar proveitos eleitorais. Na quarta-feira, tinha sido o vice-presidente David Justino a reagir por parte do PSD, assumindo então que o presidente Rui Rio estava de férias.
"As pessoas ausentes não perceberam o dramatismo da situação. Tivemos um aumento de mais de 100% no consumo em relação ao período normal. Todos estávamos preocupados em saber como iríamos suprir as necessidades de combustível. Os agricultores estavam preocupados se seriam capazes de fazer as colheitas e escoar a produção. A preocupação real das pessoas era saber se os supermercados iriam ter as prateleiras vazias. É fácil, depois de tudo correr no melhor do possível, dizer que não necessário fazer o que fizemos. Mas se não tivéssemos adotado estas medidas, o país tinha mesmo parado", sublinhou.
Costa destacou ainda que os contribuintes têm "suportado um custo muito significativo":" Isto tem sido difícil neste período de férias, mas na segunda quinzena de agosto há empresas que estavam a meio gás e que irão retomar a laboração em pleno. As pessoas em férias vão regressar, as famílias vão começar a olhar para a preparação do ano letivo e é altura de rapidamente terminar o conflito e de as partes entrarem em negociações quando possível".