A greve desta segunda-feira foi a que teve mais expressão no Liceu Camões, em Lisboa. Das 204 aulas foram dadas apenas quatro, mas os docentes já combinaram a que dias podem participar nas ações de luta para não prejudicar os alunos.
Segundo apurou a Renascença, no local, dos cerca de 150 professores do Liceu Camões, foram trabalhar apenas três. A escola podia ter fechado portas, mas optou por manter tudo em funcionamento até às 23h40, hora a que habitualmente terminam as aulas noturnas.
Ao final da tarde apenas uma sala de aula tinha a luz acesa e eram poucos os alunos das turmas de ensino noturno que estavam na escola.
À Renascença o diretor explica que o facto de o Liceu ser uma escola de ensino secundário torna estes dias de greve mais fáceis de gerir, uma vez que os alunos têm mais autonomia para ir para casa. Ainda assim, a preocupação com a matéria que está a ser perdida é partilhada por todos os professores.
Por isso, tem sido conversado e combinado as ações de luta em que vão participar. João Jaime Pires disse que, por exemplo, para esta semana está combinado de que parte dos docentes vão participar na sexta-feira na concentração junto do Ministério da Educação e que na próxima semana vai haver greve aos primeiros tempos na terça e na quinta-feira. Já na semana seguinte, na segunda e quarta, o objetivo “é que a greve não bata sempre na mesma disciplina de forma a minimizar o prejuízo para os alunos”, explicou.
Apesar de olhar com preocupação para a perda da matéria, o responsável por esta escola secundária defende que luta dos professores é também necessária para recuperar a dignidade da profissão. De acordo com João Jaime Pires, ainda não surgiu dos encarregados de educação dos alunos do liceu nenhuma pressão, uma vez que todos parecem compreender.
O diretor sublinha ser necessário recuperar o prestígio da profissão. “Há falta de professores desde o início do ano, não é só por causa da greve. O país precisa de professores, temos de mostrar aos mais novos que a profissão é aliciente.”
João Jaime Pires não duvida de que os alunos e professores vão conseguir recuperar a matéria, à semelhança daquilo que aconteceu com a pandemia, altura em que diz o diretor do Liceu Camões “todos bateram palmas aos docentes”.
Sobre o futuro, o diretor do Liceu Camões diz ser difícil perceber a sustentabilidade da continuidade destas paralisações, uma vez que as greves também resultam em perdas para salariais para os próprios professores. Acredita que a instabilidade é também uma preocupação do ministro da Educação, que este professore espera que traga estabilidade ao sector.
O primeiro dia de greve por distritos arrancou em Lisboa, onde terão ficado fechadas mais de 150 escolas.
Segundo a Fenprof, muitas outras terão estado de portas abertas, mas sem aulas.
O sindicalista Mário Nogueira queixa-se que a Inspeção-Geral da Educação terá estado a visitar várias escolas do país, com instruções do Ministério da Educação para que estas se mantenham abertas mesmo que esteja apenas um professor ao serviço.
A greve de professores por distritos prolonga-se por 18 dias. Na terça-feira será dia de greve em Aveiro, seguindo-se Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, terminando no Porto a 08 de fevereiro.
A greve das oito organizações sindicais realiza-se ao mesmo tempo em que decorrem outras duas paralisações: uma greve por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato de Todos os Professores (STOP), que se iniciou em 09 de dezembro e vai manter-se, pelo menos, até ao final do mês, e uma greve parcial ao primeiro tempo de aulas convocada pelo Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), que deverá prolongar-se até fevereiro.
No sábado, dezenas de milhares de professores e pessoal não docente saíram à rua para participar num protesto promovido pelo STOP.
As greves começaram no final do ano passado, antes do fim das aulas do primeiro período, e foram retomados no início do segundo período, ou seja, há duas semanas.