A esmagadora maioria dos alunos portugueses estuda em escolas onde há falta de professores. Este é um dos dados da edição de 2022 do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA), promovido pela OCDE, que revelou, esta terça-feira, que os alunos portugueses estão com menos capacidades na matemática, ciências e leitura do que há quatro anos.
Segundo o PISA 2022, 62% dos alunos em Portugal estudam em escolas onde o diretor reportou que a “capacidade de ensino” é “prejudicada” pela falta de professores. Além disso, 27% dos alunos estão em escolas onde o ensino é afetado por “professores desadequados ou pouco qualificados”.
Os números mostram uma tendência de agravamento face à edição de 2018 do PISA, quando apenas 32% dos alunos estavam em escolas com falta de professores. Nesse ano, 23% seriam afetados pelas qualificações baixas ou desadequadas de professores.
Professores portugueses ajudam mais os alunos
Apesar disso, os alunos relatam que os professores portugueses lhes mostram apoio acima da média da OCDE. 75% dos estudantes indicam que, na maioria das aulas de Matemática, os professores mostram interesse na aprendizagem de todos os alunos, e 79% que os professores dão ajuda extra quando precisam.
Alguns alunos portugueses dizem ainda que estudam matemática em condições desfavoráveis. Para 17%, é difícil trabalhar bem na maioria ou até em todas as aulas, e 25% dos alunos confessa que não ouve o que os professores dizem.
Os dispositivos digitais, como os telemóveis, são ainda fonte de distração para 34% dos alunos. 25% dos alunos são ainda distraídos por outros alunos que estão a usar dispositivos digitais.
Enquanto a proporção de alunos portugueses com dificuldades em trabalhar nas aulas e que não ouve bem os professores é mais baixa que a média dos países da OCDE, os alunos portugueses distraem-se mais que os restantes com dispositivos digitais – a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico é ligeiramente mais baixa, de 30%.
Autonomia das escolas é mais baixa
A edição de 2022 do PISA aponta ainda para uma autonomia das escolas portuguesas que fica bem abaixo dos níveis da OCDE. Se 37% dos estudantes portugueses está em escolas onde o diretor é o principal responsável pela contratação de professores, a média da OCDE é de 60%.
Contudo, há mais professores portugueses com autonomia para escolher os materiais de ensino utilizados nas aulas – a proporção é de 81%, quando a média da OCDE é de 76%.