O juiz presidente da Comarca de Leiria, António Ramos, lamenta as limitações da sala onde decorre o julgamento dos incêndios de Pedrógão, lembrando que já em várias circunstâncias foi necessário alugar salas fora do tribunal para se poderem realizar julgamentos.
“Temos uma limitação, dadas as circunstâncias da sala e a capacidade, tanto que a senhora juiz impôs quatro jornalistas no máximo na sala”, afirma o juiz António Ramos, acrescentando que “os outros não poderão assistir”.
“Eventualmente, vão assistir através de uma sala que foi criada para isso, só através de som”, esclarece.
A partir de terça-feira, o julgamento deverá realizar-se no Expo Salão da Batalha.
“As condições foram difíceis com a pandemia. Criaram salas, organizaram salas, arrendaram salas. É bem verdade que foi fora de Leiria, mas, na Batalha têm condições, no meu entender, para, pelo menos, diminuir algum problema que está agora a surgir”, refere o juiz.
O julgamento de 11 arguidos para determinar responsabilidades nos incêndios de Pedrógão Grande, em junho de 2017, nos quais o Ministério Público contabilizou 63 mortos e 44 feridos quiseram procedimento criminal e já arrancou com a identificação dos arguidos e do coletivo perguntar quais deles querem prestar declarações.
Sabe-se que o Ministério Público poderia avançar com um requerimento para travar o avanço do julgamento, uma vez que contesta o facto do processo ter sido atribuído ao coletivo liderado por Maria Clara Santos.
Aos arguidos são imputados crimes de homicídio por negligência e ofensa à integridade física por negligência, alguns dos quais graves.
Os arguidos são o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, então responsável pelas operações de socorro, dois funcionários da EDP e três da Ascendi, e o ex-presidente da Câmara de Castanheira de Pera Fernando Lopes.
Os presidentes das Câmaras de Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, Jorge Abreu e Valdemar Alves, respetivamente, também foram acusados.