Lula deixa apelo em defesa de Dilma
15-04-2016 - 22:15

Antigo Presidente teme “um passo errado, um passo impensado” no próximo domingo, dia em que os deputados votam a destituição.

Num último esforço para evitar que o processo de 'impeachment' (destituição) da Presidente Dilma Rousseff avance para o Senado, o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um vídeo fazendo um apelo aos deputados federais.

"Quero falar com vocês, e especialmente com os nossos deputados, sobre o momento histórico que o país está vivendo. [A partir de 2003] juntos vencemos a fome e começamos a reduzir a desigualdade. Foi preciso muito esforço, muito sacrifício, para o Brasil conquistar respeito e credibilidade diante do mundo", disse.

Segundo Lula da Silva "todo esse esforço pode ser jogado fora por um passo errado, um passo impensado, no próximo domingo. Os deputados têm de pensar com muita serenidade sobre isso".

O ex-Presidente também apontou que derrubar um Governo eleito democraticamente sem que haja um crime não vai consertar as coisas, mas agravar a crise.

"O Brasil precisa de paz e de estabilidade para retomar o caminho do desenvolvimento", frisou.

Tentando passar uma mensagem de optimismo, ele afirmou que "derrotado o 'impeachment', já na segunda-feira, independente de cargos, estarei empenhado, junto com a Presidente Dilma, para que o Brasil tenha um novo modo de governar".

O líder histórico do Partido dos Trabalhadores (PT) fez duras críticas ao vice-Presidente do Brasil, Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), dizendo que uma coisa é divergir do governo e "outra coisa é embarcar em aventuras, acreditando no canto de sereia dos que se sentam na cadeira antes da hora".

Seguindo esta argumentação, enfatizou que ninguém conseguirá governar um país de 200 milhões de habitantes se não tiver a legitimidade do voto popular.

No próximo domingo, haverá uma votação no plenário da Câmara que decidirá sobre as denúncias contra a Presidente, acusada de ter cometido crime de responsabilidade por executar manobras fiscais e autorizar despesas, que a ser desfavorável a Dilma Rousseff será encaminhada para o Senado.

Nas últimas semanas, o Governo e o PT têm perdido o apoio de diversos grupos antes considerados aliados, cujos parlamentares anunciaram que vão votar a favor do processo de destituição.

Se aprovado por 342 deputados, de um total de 513 parlamentares que integram a Câmara de Deputados, a denúncia contra a chefe de Estado é encaminhada para o Senado.

Para abrir juridicamente o processo de destituição no Senado basta uma maioria simples dos 81 membros desta câmara alta.

Se for processada e condenada pelos senadores, a chefe de Estado será substituída por Michel Temer.