A Ordem dos Médicos defende o aumento do preço dos medicamentos para combater a escassez nas farmácias e nos hospitais.
"A revisão de preços é fundamental", defendeu esta terça-feira, na comissão parlamentar de Saúde, António Neves da Silva, que integra o Conselho Nacional para a Política do Medicamento da Ordem dos Médicos.
"Se é uma revisão excecional só para os mais baratos ou se é uma revisão transversal para todos, isso é um assunto que tem de ser visto, tem de ser trabalhado com o Infarmed", adiantou Neves da Silva, "mas não daqui a seis meses".
"Isto pode ser feito já, com o Infarmed, a Ordem dos Médicos, a Ordem dos Farmacêuticos, a indústria", indicou a mesma fonte, destacando, contudo, que "o aumento dos preços para os medicamentos baratos é ridículo".
No entender do médico, a atual escassez de medicamentos é preocupante, sobretudo no caso dos antidiabéticos. Por isso, sugere alterações à lei para que apenas os doentes com diabetes possam comprar estes fármacos, ultimamente muito populares entre quem está a tentar perder peso.
"Para problemas específicos como o caso dos antidiabéticos, que são utilizados para outros fins, nomeadamente para emagrecer, há que ter um tratamento também específico, ou seja, eu penso que é possível legislar em que a receita médica tenha de identificar a pessoa que tem uma receita de um antidiabético como sendo diabética", podendo a legislação definir também a identificação da outra finalidade do medicamento se for esse o caso, defendeu o médico.
Refira-se que, em outubro passado, o presidente do Infarmed tinha garantido à Renascença que "só os diabéticos terão direito à comparticipação do medicamento que também é utilizado para a perda de peso", pois "essa medida já está a ser implementada no centro de prescrição para que a comparticipação seja exclusiva para os doentes diabéticos”.
O debate no Parlamento nesta terça-feira sobre a escassez de medicamentos aconteceu a pedido do partido Chega.