Rui Rio à Renascença. Aconteça o que acontecer, a resposta ao Chega é "não"
25-01-2022 - 10:05
 • André Rodrigues (entrevista) , Inês Braga Sampaio

Líder do PSD acusa António Costa de tentar "intoxicar a opinião pública" e criar uma ligação do PSD ao Chega que não existe.

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Rui Rio admite mais rapidamente recorrer ao PAN para acordos na formação de Governo do que ao Chega. A uma possível aliança governamental com o partido de André Ventura, a resposta é um rotundo "não". CDS e Iniciativa Liberal serão os parceiros preferenciais se os sociais-democratas ganharem as eleições de domingo.

Em entrevista à Renascença, esta terça-feira, o líder do PSD garantiu que um apoio à direita, no caso de vencer as eleições, "não pode" incluir o Chega. É um tema que está fora de questão.

"Não está rigorosamente mais nada em cima da mesa. Portanto, é não", sublinhou.

Rui Rio apontou o dedo a António Costa por, no seu entender, "intoxicar a opinião pública" e forçar uma conotação do PSD ao Chega.

"Eu nunca disse isso, disse sempre o contrário. Mas ele deseja tanto trazer o Chega para o plano político que está sempre a dizer que o PSD vai chamar [o Chega]. Eu digo não, ele diz que sim. Só se trocarmos de posições, vem ele para líder do PSD e fala ele pelo PSD. Quem fala pelo PSD? Sou eu e outros dirigentes, que estamos sempre a dizer a mesma coisa", ironizou.

Na eventualidade de um Orçamento do Estado ser chumbado por votos contra do Chega, no entanto, Rio não atirará a responsabilidade, especificamente, ao partido de André Ventura.

"Atirarei a responsabilidade para os deputados que votarem contra, com certeza, e eles atirarão a responsabilidade para mim dizendo que eu devia ter feito isto e aquilo. Mas isso é o que ainda agora vimos no Orçamento de 2022 entre o PS e o Bloco de Esquerda", assinalou.

Acordo com o PAN?

Tal é a clivagem entre Rui Rio e o Chega que o líder do PSD admite mais facilmente associar-se ao PAN para formar maioria. Ainda assim, é uma possibilidade que considera remota.

Embora tenha linhas vermelhas "com todos os partidos" e esteja disposto a negociar para viabilizar a governabilidade, uma vez que há um "altíssimo grau de probabilidade" de não haver maioria absoluta, Rio considera que as posições do PAN são demasiado "fundamentalistas" para permitir um acordo.

"Tem de se pôr em cima da mesa, na negociação, coisas sensatas que se percebem que o outro não gostaria de aceitar, porque gostaria de fazer o seu programa, mas que pode e deve aceitar. Não devo pôr em cima da mesa coisas que eu sei que do outro lado é impossível de aceitar. É válido para o PAN e para os outros. Numa negociação, se o PAN puser em cima da mesa aspetos fundamentalistas, quer ligado ao ambiente, à agricultara ou aos animais, não é possível", sustentou.

Nesta entrevista na contagem decrescente para as eleições legislativas de domingo, Rui Rio afirma que os parceiros preferenciais do PSD serão o CDS e a Iniciativa Liberal.

"Quando as pessoas são sensatas e se sentam à mesa para conversar, alguma coisa pode acontecer. Mas esse não é o meu caminho preferencial. O meu caminho preferencial é conseguir o equilíbrio com o CDS e com a Iniciativa Liberal", declarou.

Rui Rio afirma, na entrevista à Renascença, que António Costa “tem andado notoriamente aos ziguezagues, ora diz uma coisa, ora diz outra”.

No último mês, o secretário-geral do PS já pediu a maioria absoluta e descartou a possibilidade de reeditar a geringonça. Mas com assondagens a sinalizar uma mudança de maré do eleitorado, o discurso do líder socialista mudou.

"A primeira coisa que ele disse é ‘apenas a geringonça. Se eu precisar dos votos do PSD para aprovar o Orçamento demito-me’. Depois, veio para a campanha eleitoral e continuou com isso e continuou a dizer ‘com o PSD, não’. E uma vez que o que aconteceu com o BE e o PCP no Orçamento para 2022 [que foi chumbado], candidata-se porque dizia que ‘vou ter uma maioria absoluta’. Agora, diz que negoceia com toda a gente. Não sei em que acreditar no que ele vai fazer, apontou Rio.

E, logo de seguida, colocou um novo cenário: "Sei uma coisa: é que voltamos a ter em cima da mesa a probabilidade de uma Geringonça, agora até mais com o BE do que com o PCP. Os eleitores têm que pensar que votar no PS e em António Costa tem uma altíssima probabilidade de voltar a ter uma Geringonça, eventualmente, com o BE ativo dentro do Governo.”