António Vitorino foi eleito esta sexta-feira diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A vitória surgiu depois de várias rondas disputadas com Kenneth Isaacs, o homem que Donald Trump tinha nomeado para chefiar aquela que é, há dois anos, a agência da ONU para as Migrações, e com a atual vice da organização, a costa-riquenha Laura Thompson.
Também o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, já manifestou a sua "enorme satisfação" pela escolha de Vitorino.
"É com enorme satisfação que recebo a notícia da eleição de António Vitorino para o cargo de diretor-geral da OIM, agência das Nações Unidas. António Vitorino é um dos melhores quadros políticos da sua geração", escreveu o presidente da Assembleia da República na sua mensagem enviada à agência Lusa.
Ferro Rodrigues refere depois que teve pessoalmente "o privilégio" de ter sido colega de António Vitorino, entre 1995 e 1998, no primeiro Governo liderado por António Guterres.
"Acompanhei de perto o papel notável que ele desempenhou na Comissão Europeia, justamente na área da Justiça e Assuntos Internos. Num tempo em que a agenda europeia e internacional é dominada pelo tema das migrações, é uma boa notícia para o mundo termos à frente da Organização Internacional das Migrações um homem com competência e com os valores certos: Os valores da democracia, dos direitos humanos e da solidariedade", salienta o presidente da Assembleia da República.
Governo alude a "justíssimo reconhecimento"
A sua eleição, é acrescentado no documento, "traduz o justíssimo reconhecimento do indiscutível mérito e capacidades pessoais deste destacado cidadão e do seu notável percurso profissional, durante o qual estiveram sempre muito presentes os assuntos e processos relacionados com as migrações".
A candidatura de Vitorino à liderança desta organização fundada no início da década de 1950. foi formalizada pelo Governo português em dezembro do ano passado.
A eleição decorreu esta sexta-feira de manhã em Genebra, com cada Estado-membro da organização a escolher o seu candidato favorito através de voto secreto numa série de rondas. Nas primeiras três, o político português nomeado pelo Governo de António Costa para disputar o lugar ficou em primeiro lugar, seguido de Thompson e de Isaacs.
Depois de ter ficado em terceiro lugar nessas rondas, no que está a ser lido como um repúdio das políticas migratórias de Donald Trump, Isaacs desistiu da corrida. O português que já foi comissário europeu da Justiça acabaria por derrotar a rival da Costa Rica no turno seguinte, ao conseguir conquistar o mínimo de dois terços dos votos necessário para ser eleito.
Esta é a segunda vez na história da OIM que um não-americano é eleito para a chefiar. Em 67 anos de existência, a organização apenas teve um outro diretor-geral que não era americano, entre 1961 e 1969.
A OIM foi integrada na estrutura multilateral da ONU a 25 de julho de 2016. Antes, a organização tinha recebido, em 1992, o estatuto de observador permanente na Assembleia-Geral da ONU e firmado um acordo de cooperação (1996).
Notícia corrigida às 15h15: a versão original atribuía a Laura Thompson nacionalidade porto-riquenha; na verdade, a candidata derrotada por António Vitorino é da Costa Rica. Pelo erro, as nossas desculpas.