“Cerca de dois quilómetros e duas novas estações” resumem o próximo passo do Metro de Lisboa que, segundo o ministro do Ambiente, vai melhor servir todos os que diariamente entram na capital.
“Este é o investimento que, sendo na cidade de Lisboa, melhor serve quem vem de fora de Lisboa – como seja quem vem da linha de Cascais e da outra margem, nos barcos que afluem no Cais do Sodré”, afirma João Pedro Matos Fernandes, respondendo assim a quem acusa o Governo de privilegiar o centro da cidade e o turismo em detrimento dos acessos à periferia.
“Estamos a falar de 8,9 milhões de passageiros/ano que vão entrar na rede e o metro já hoje está a crescer. O ano de 2018 fechou com 168 milhões e no ano anterior tinham sido 161. Significa que a oferta já é hoje muito melhor e tínhamos mesmo que consolidar a rede no sítio onde existe uma maior procura”, acrescenta o ministro, que esteve em direto na Manhã da Renascença.
“É a partir do fecho deste anel que nós podemos considerar a expansão radial do próprio metro e também a sua articulação com outros modos de transporte”, acrescenta.
O concurso para a expansão do Metro de Lisboa é lançado esta quarta-feira, com vista a prolongar a Linha Verde, criando duas novas estações na Estrela e Santos.
“O que, em concreto, vamos fazer é uma linha com cerca de dois quilómetros e duas novas estações – Estrela e Santos, a ligar o Rato ao Cais do Sodré – e com isso passará a haver toda uma enorme linha circular na zona onde há mais procura de transporte na cidade de Lisboa”, resumiu João Pedro Matos Fernandes.
O investimento previsto é de 210 milhões de euros e, de acordo com fonte do Ministério do Ambiente citada pela agência Lusa, a empreitada vai ter três fontes de financiamento: o POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos (83 milhões), o Fundo Ambiental e recursos próprios do metropolitano, através da alienação de um terreno em Sete Rios.
Quanto aos riscos da obra, apontados pela Agência Portuguesa do Ambiente, inclusive para o Aqueduto das Águas Livres, o ministro do Ambiente responde que “é para isso que se fazem avaliações de impacto ambiental”.
“Uma vez sinalizados esses riscos, ambientais e patrimoniais, a obra tem que correr de forma a garantir que esses riscos sejam apenas potenciais e não se materializem”, resume.
Novas carruagens e mais obras de recuperação
Têm sido várias as queixas dos utentes do Metro de Lisboa pela demora das composições e a sobrelotação das carruagens. Mas João Pedro Matos Fernandes diz que isso são problemas praticamente ultrapassados.
“O metro está hoje a funcionar francamente melhor do que funcionava há três anos. Lembro-me bem de termos herdado o metro com as oficinas vazias e 30 carruagens paradas. Neste momento, há cinco carruagens paradas e nós já temos folga na oferta que hoje fazemos”, afirma.
Em curso está o “concurso para a aquisição de 14 novas unidades triplas”, bem como “o concurso para toda a nova rede de sinalização do metro – aliás, é essa nova rede de sinalização do metro, muito mais moderna e sofisticada, que vai permitir que os comboios possam andar com intervalos de quatro minutos entre eles, o que hoje não é possível para circular em segurança”, explica ainda.
Além disso, vão continuar as pequenas obras de remodelação nas estações. “Na Linha Verde já algumas já foram feitas. Estamos a falar de pinturas, reparações de pequenas anomalias” e a estação do Intendente, há anos a aguardar uma nova “roupa”, também deverá ser intervencionada “ao longo deste ano”.
Quanto à estação do Areeiro, onde as obras se prolongam há anos, o ministro do Ambiente reconhece que houve um problema, mas “este mês vai ser lançada a empreitada para concluir a empreitada”.
Em Arroios, “tivemos de facto um azar e por isso é que agora vamos fazer um concurso de pré-qualificação de empreiteiros. O empreiteiro não tem sido capaz, não tem os meios para concluir a obra e essa é, da nossa gestão, a única obra que está a correr menos bem. No mais, todas estão a ser feitas regularmente”, realça Matos Fernandes.
Obras no Porto atrasadas, devem avançar este ano
João Pedro Matos Fernandes diz que as obras no Metro do Porto deverão avançar também este ano, apesar do atraso em relação às do Metro de Lisboa.
“Estamos à espera da avaliação de impacto ambiental. Há sempre um conjunto de ajustes que têm de ser feitos”, explica à Manhã da Renascença.
“A nossa expectativa é termos a avaliação no início de fevereiro e lançarmos o concurso no final de fevereiro. São duas obras que servem dois hospitais que hoje não têm metro: a Linha Rosa que ligará São Bento à Casa da Música passando pelo hospital de Santo António-Centro materno-infantil, e depois, uma outra empreitada mais a sul, em Gaia, que passa pelo hospital de Vila Nova de Gaia”, adianta ainda.