A requalificação da avenida Almirante Reis, em Lisboa, deve manter a ciclovia, que passará a ser bidirecional, indica a proposta apresentada pelo arquiteto que lidera a equipa da Câmara Municipal encarregada da requalificação da artéria.
A sessão de participação pública, que começou na quarta-feira à noite e terminou esta madrugada, juntou cerca de duas centenas de participantes, no auditório do Fórum Lisboa, sob o mote "A avenida Almirante Reis vai mudar".
"A nossa proposta propõe manter uma ciclovia só que bidirecional", disse o arquiteto João Castro.
Uma das vantagens desta proposta, "provisória e expedita", é que "permite repor duas faixas de circulação no sentido da saída, Martim Moniz - Areeiro, promovendo maior escoamento do tráfego, diminuição dos níveis de poluição", tendo como desvantagem não ser "uma solução urbana estruturante, linear e simétrica e esteticamente consistente", salientou.
Por outro lado, as duas faixas dedicadas aos transportes públicos, uma em cada sentido, devem passar a ser de velocidade máxima de 30 quilómetros por hora, explicando que as duas vão poder entrar na pista ciclável, mas com separadores que obrigam a circular devagar, adiantou.
O arquiteto reforçou que a solução provisória proposta "não altera qualquer lugar de estacionamento, de cargas ou descargas na rua", pode ser implementada "sem recorrer a grande obra", e no prazo de "seis a sete meses", acrescentando que a intervenção de longo prazo deve ser considerada depois da experiência de curto prazo.
João Castro apresentou vários dados sobre o impacto da construção da ciclovia, incluindo "um aumento substancial" das filas de tráfego, numa "média de 400 metros para 700 e tal".
O responsável salientou também "um acréscimo considerável do número de ciclistas", de cerca de 200 para mil, ainda que, recentemente, se verifique um ligeiro decréscimo por ter passado o efeito da novidade.
"É muito importante perceber que num segundo eixo maior de Lisboa é determinante ter um canal ciclável, porque senão temos uma área urbana da cidade que não drena", defendeu.
Depois de apresentada esta solução, vários cidadãos agradeceram a manutenção da ciclovia e outros questionaram o recuo do compromisso eleitoral do presidente da autarquia, Carlos Moedas (PSD), de acabar com a ciclovia da Almirante Reis.
Vários intervenientes questionaram ainda a ausência de Carlos Moedas, ou "no mínimo, o vereador" com o pelouro da Mobilidade, e sublinharam que a proposta apresentada é "um penso rápido" no problema da Almirante Reis, sem responder "ao principal problema de excesso de carros".
A decisão sobre o futuro da Avenida Almirante Reis deve ser apresentada na próxima semana pelo presidente da Câmara de Lisboa, com uma solução de curto prazo e outra de longo prazo.
No programa eleitoral da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), encabeçada por Carlos Moedas, nas autárquicas de setembro, um dos compromissos assumidos foi o de redesenhar a rede ciclável de Lisboa "com enfoque na segurança, no conforto e na funcionalidade para os ciclistas e os peões, eliminando ciclovias com problemas, como seja a da Almirante Reis, e desenhando-se alternativas viáveis".
Na abertura dos trabalhos, a presidente da junta de freguesia de Arroios, Madalena Natividade (independente eleita pela coligação Novos Tempos), que referiu ser esta a quarta sessão sobre o futuro da Almirante Reis, com "cerca de 2,8 quilómetros quadrados de extensão e segunda maior avenida da cidade".
A autarca de Arroios, freguesia que a avenida atravessa, disse estar confiante de que a decisão do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), "será a mais consensual possível e fruto de um grande processo participativo".