O ministro da Economia diz que poderá vir a existir em Sines não uma, mas duas Autoeuropas. No Parlamento, neste segundo dia do debate do Programa de Governo, António Costa e Silva referiu a aposta naquele porto como um grande polo de desenvolvimento.
“Podemos ter em Sines, não uma, mas duas Autoeuropas no futuro, porque pode ser um porto ligado e digitalizado a toda a rede portuária internacional; pode ser um centro do ‘hub’ das tecnologias verdes que são os novos combustíveis para toda a marinha e as forças que se movimentam no mar, nomeadamente o hidrogénio, a amónia e o metanol; pode ser um tratamento de dados com os cabos submarinos que existem; pode ser um centro de importação de LNG e depois de 'transhipping' para todo o sistema europeu e, portanto, vamos apostar a nível do Governo na mobilização para essa área”, defendeu nesta sexta-feira.
Numa intervenção de improviso com que abriu o debate, António Costa e Silva pediu ainda que, entre partidos e sociedade, se crie uma plataforma de entendimento independentemente das diferenças, para fazer reformas.
“As crises na história dos países são frequentes. As transformações fundamentais são raras. Temos à nossa frente a oportunidade de fazer uma transformação fundamental no nosso país, mas isso exige que, independentemente das nossas diferenças, saibamos trabalhar uns com os outros, ombro para ombro, criando grandes plataformas colaborativas, políticas sociais, empresariais para mudar para melhor o tecido produtivo do nosso país”, apelou.
Baixos salários não podem sustentar desenvolvimento
Uma das medidas concretas anunciadas pelo ministro da Economia, e que de resto consta do Programa do Governo, é a descida do IRC para as empresas que reinvestirem os seus próprios lucros.
“Temos de mudar o modelo de desenvolvimento do país, não pode ser baseado nos baixos salários, tem de ser baseado na inovação tecnológica. No Programa de Governo, está prevista a descida seletiva do IRC. Temos de desenhar um pacote que possa suscitar o entusiasmo a esse nível, ligando a descida seletiva do IRC para as empresas que reinvestem os seus lucros na sua atividade económica para as empresas que apostam na inovação tecnológica”, afirmou.
Costa e Silva disse ainda que o atual Programa responde aos problemas do curto prazo, mas inclui uma estratégia para o médio e longo prazo – o ministro responde, assim, a uma das críticas do Presidente da República que há dias disse aos jornalistas que o Programa de Governo não tinha respostas para os problemas imediatos.