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O cenário severo projetado para a economia portuguesa em 2020, no caso de uma segunda vaga de covid-19, poderá levar o Produto Interno Bruto (PIB) a cair 13,1%, segundo o Boletim Económico do Banco de Portugal (BdP).
No cenário severo, a recuperação económica prevista é de 1,7% em 2021 e de 3,5%, abaixo do projetado nas projeções base do Banco de Portugal, divulgadas também esta terça-feira no Boletim Económico (recuperação de 5,2% em 2021 e de 3,8% em 2022, depois de uma recessão de 9,5%) em 2020.
O cenário adverso abordado pelo Banco de Portugal "apresenta o cenário para a economia portuguesa subjacente ao cenário severo para a área do euro publicado no início de junho pelo BCE no âmbito do exercício do Eurosistema".
"Este cenário mais severo assume que ocorre uma segunda vaga de infeções a nível global, que obriga à reintrodução de medidas de contenção rigorosas, incluindo a possibilidade de um novo período de confinamento geral", pode ler-se no documento.
A situação mais adversa projetada nesta parte do Boletim Económico cenariza que a "elevada incerteza e insegurança" se mantêm por mais tempo, "afetando os processos de produção, as decisões de investimento e os padrões de consumo", e que implica "que mais empresas serão obrigadas a encerrar definitivamente".
"Num contexto de elevados níveis de endividamento público e privado, este cenário mais severo prevê ainda que o aumento das insolvências tenha um impacto adverso sobre os custos de financiamento dos agentes económicos, apenas parcialmente mitigado pelas medidas de política. Assume-se igualmente que a resposta orçamental é mais significativa neste cenário", segundo o BdP.
Na zona euro, neste cenário, a queda do PIB é de 12,6%, e a recuperação subsequente é de 3,3% em 2021 e 3,8% em 2022, "implicando que no final do horizonte os níveis do PIB se situam ainda cerca de 6% abaixo observados em 2019".
O cenário adverso, para Portugal, assume uma segunda vaga de infeções no segundo semestre do ano, levando a uma "consequente imposição de medidas de saúde pública", que implicam nova quebra de atividade económica e a uma recuperação "mais gradual do que a assumida para a área do euro, dadas as fragilidades estruturais da economia portuguesa e o maior peso relativo de setores relacionados com o turismo".
"Em 2022, o nível do PIB em Portugal situa-se 8,5% abaixo do observado em 2019", no cenário adverso, nota o BdP, que estima maiores quebras na despesa mas maior consumo público, já que "o encerramento forçado de algumas atividades e a reabertura a níveis de capacidade mais baixos, bem como as alterações de preferências e comportamentos dos consumidores, implicam que mais empresas deixam de ser viáveis".
O cenário adverso traça ainda comportamentos mais negativos no emprego, cuja evolução "é muito incerta, sendo muito influenciada pelo impacto das medidas de política económica".
"Os resultados apresentados são indicativos, refletindo o grau de arbitrariedade das hipóteses subjacentes ao exercício e a impossibilidade de captar todos os fatores relevantes", ressalva o BdP, salientando que, "de qualquer forma, ilustram como os custos económicos da pandemia sobre a economia portuguesa se podem revelar ainda mais significativos e persistentes".