“Desejo muito encontrar-vos, ver os vossos rostos, visitar a vossa terra antiga, extraordinário berço da civilização” diz o Papa numa mensagem vídeo enviada ao povo iraquiano.
“Venho como peregrino penitente para implorar ao Senhor o perdão e a reconciliação depois de tantos anos de guerra e de terrorismo, para pedir a Deus a consolação dos corações e a cura das feridas”.
Francisco, que chega amanhã ao Iraque para uma visita de quatro dias, apresenta-se “como um peregrino de paz em busca da fraternidade, animado pelo desejo de rezar juntos e de caminhar juntos, também com os irmãos e irmãs de outras tradições religiosas, sob o signo do pai Abraão que reune, numa única família, muçulmanos judeus e cristãos.”
O Papa dirige-se também aos “queridos irmãos e irmãs cristãos, que testemunharam a fé em Jesus no meio de duríssimas provações”, considerando “uma honra encontrar uma Igreja mártir” e espera que os muitos mártires que eles conheceram “nos ajudem a perseverar na força humilde do amor”.
Francisco sabe que estes fiéis “ainda têm nos olhos as imagens das casas destruídas e das igrejas profanadas e, no coração, as feridas dos afeitos deixados e das habitações abandonadas”, por isso, acrescenta: “desejo levar-vos o carinho afetuoso de toda a Igreja, que está perto de vós e do martirizado Médio Oriente e vos encoraja a seguir em frente.”
E para que “não prevaleçam os terríveis sofrimentos que experimentaram e que tanto me doem”, o Papa deixa um conselho: “Não nos rendamos perante a propagação do mal; as antigas fontes de sabedoria das vossas terras orientam-nos para outro lugar, para fazer como Abraão que, tendo deixado tudo, nunca perdeu a esperança; e, confiando em Deus, deu vida a uma descendência tão numerosos quanto as estrelas do céu”.
Francisco também se refere ao sofrimento dos Yazidis e apresenta-se como “peregrino de esperança” na sua terra abençoada e ferida, para encorajar todos “a reconstruir e a recomeçar”. E termina com um pedido: “nestes tempos difíceis de pandemia, ajudemo-nos a fortalecer a fraternidade, a construir juntos um futuro de paz. Juntos, irmãos e irmãs de todas as tradições religiosas”.