Em causa está o decreto que equipara os futebolistas aos restantes profissionais e atletas de alto rendimento. Houve, no caso do futebol, uma má interpretação da legislação, segundo o presidente do Marítimo.
Em declarações a Bola Branca, Carlos Pereira considera que se desrespeitou o estado de emergência. E também os profissionais de saúde que combatem, na linha da frente, a Covid-19.
"Interpretaram à sua maneira, da forma que quiseram, se calhar até para chamar à atenção para este inimigo invisível. Mas eu vou respeitar muito este inimigo invisível, porque a minha saúde e a dos outros vale muito mais que um ou dois meses de trabalho. E até pelos profissionais de saúde que merecem o nosso aplauso, devíamos respeitar. Nunca é um treino individual, há muitas pessoas envolvidas, como o roupeiro, o pessoal da limpeza, o treinador, o adjunto, a curiosidade dos diretores. Seria melhor dar tempo ao tempo, porque quando regressássemos, regressávamos todos e quase em segurança", defende o presidente do Marítimo, numa crítica implícita a Sporting, da I Liga, e Nacional da Madeira, da II Liga, que já iniciaram atividade no relvado.
Carlos Pereira destaca que o seu ponto tem a ver com garantia de segurança, ou inexistência dela: "Não [há garantia de segurança]! Não há essa distância [social], há sempre a tendência da proximidade e é muito perigoso fazermos essa antecipação".
O líder dos insulares considera que, perante isto, "a Liga já se devia ter pronunciado publicamente". "Parece que já o fez informalmente, mas não é suficiente. No Decreto-Lei pensou-se no treino individual para os Jogos Olímpicos e abriu-se uma janela que foi aproveitada por aqueles que querem ser mais espertos que os outros", atira o dirigente insular, habitual porta-voz dos clubes do chamado "G-15", que nem vê quaisquer vantagens desportivas por se (re)começar a trabalhar primeiro.
"O trabalho no futebol é coletivo e ninguém levará vantagem por antecipar e desrespeitar o estado de emergência", reforça.
Recomeço da Primeira Liga? "Não é pelo dinheiro que devemos regressar"
Em Bola Branca. e seguindo a mesma linha de raciocínio, Carlos Pereira revela, por outro lado, que o regresso à competição só deve acontecer em face da autorização das autoridades de saúde e jamais cedendo a outros interesses. Carlos Pereira, para já, tem dúvidas.
"Se eventualmente se reiniciar o campeonato, o que receio muito, apesar de todos o querermos, não é pelo dinheiro que o devemos fazer regressar. Devemos voltar ao campeonato, se tivermos condições de saúde. [No caso do Marítimo] Após este estado de emergência já estamos a preparar os treinos. Vamos aguardar as indicações das autoridades de saúde. Eles é que são o barómetro e eles é que vão comandar a nossa vida desportiva em termos futuros", acrescenta o presidente do Marítimo, que, a finalizar, deixa uma palavra às "suas gentes" da Madeira.
"Uma palavra de solidariedade e amizade para as pessoas do Funchal e de Câmara de Lobos [cuja freguesia está sob uma cerca sanitária]", conclui.