A primeira imagem de um buraco negro, revelada em abril, valeu à equipa de cientistas envolvida no trabalho, incluindo o astrofísico português Hugo Messias, um prémio de três milhões de dólares (2,7 milhões de euros), foi esta quinta-feira anunciado.
O Prémio Breakthrough, atribuído nos Estados Unidos, reconhece o avanço científico de excelência, tendo como patrocinadores Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, e Sergey Brin, ex-presidente da Google.
A equipa internacional de 347 cientistas que obteve a primeira imagem de um buraco negro supermaciço, neste caso a sua silhueta formada por gás quente e luminoso a rodopiar em seu redor, foi premiada na categoria de Física Fundamental.
A entrega do galardão será feita numa cerimónia em 03 de novembro, na Califórnia, indicou a organização do Prémio Breakthrough no seu portal.
A "fotografia" do buraco negro - localizado no centro da galáxia M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra, e com uma massa 6,5 mil milhões de vezes superior à do Sol - foi conseguida graças aos dados recolhidos das observações feitas, no comprimento de onda rádio, com uma rede de oito radiotelescópios espalhados pelo mundo, que funcionaram como um só e com uma resolução sem precedentes.
O "telescópio gigante" foi designado Event Horizon Telescope, tendo o astrofísico português Hugo Messias participado nas observações com um dos radiotelescópios, o ALMA, no Chile.
A imagem dos contornos do buraco negro - o buraco em si, um corpo denso e escuro de onde nem a luz escapa, não se vê - permitiu comprovar mais uma vez a Teoria da Relatividade Geral, de 1915, do físico Albert Einstein, que postula que a presença de buracos negros, os objetos cósmicos mais extremos do Universo, deforma o espaço-tempo e sobreaquece o material em seu redor.
Em declarações em abril à Lusa, o diretor do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, José Afonso, explicou que na imagem do buraco negro da M87 "há uma zona mais escura" e uma auréola, que corresponde a luz proveniente de material (gás) que está por detrás do buraco negro propriamente dito, sendo que a luz "vem na direção" de um observador na Terra "devido à deformação do espaço" provocada por esse material.
De acordo com a equipa científica envolvida na observação, a sombra do buraco negro registada é o mais próximo da imagem do buraco negro em si, uma vez que este é totalmente escuro.
Para José Afonso, especialista no estudo de galáxias, a imagem obtida permitirá conhecer melhor a natureza dos buracos negros e perceber como as galáxias se formaram.