“Lobo Polar”. É assim que é conhecida a prisão na Sibéria onde estava detido Alexei Navalny, o principal opositor de Vladimir Putin, cuja morte, na cadeia, foi anunciada nesta sexta-feira. Situada a cerca de 60 quilómetros a norte do Círculo Polar Ártico, na região de Yamalo-Nenets, e a quase 2 mil quilómetros de Moscovo, a IK-3 foi fundada em 1960 e é considerada hoje uma das prisões mais difíceis da Rússia.
Os invernos são rigorosos devido à sua localização, podendo as temperaturas chegar aos -28º Celsius. Junto à IK-3, existe a IK-18, outras das prisões mais “difíceis” da Rússia e que é conhecida como “Coruja Polar”, não havendo, na zona, mais nada, a não ser um pequeno hotel que acolhe aqueles que visitam os prisioneiros na Sibéria.
As duas prisões foram construídas na década de 1960 e chegaram a fazer parte dos Gulag, sistema soviético de campos de trabalho forçados para criminosos e qualquer opositor do regime.
“É quase impossível escapar” da prisão, devido às “centenas de quilómetros de tundra de um lado e as montanhas dos Urais polares do outro”, conta Ivan Vostrikov, ex-coordenador regional da equipa de Navalny em Tyumen, citado pelo jornal The Moscow Times.
Também vários antigos prisioneiros, citados pelo jornal, revelaram que a prisão tem condições precárias e o ambiente é hostil, devido à sobrelotação e à brutalidade que ali reina.
Recentemente, alguns prisioneiros queixaram-se da falta de roupas e de outros objetos essenciais, o que levou o Ministério Público do distrito de Yamal-Nenets a denunciar, pelo menos, duas situações de incumprimento das leis laborais, dos regulamentos de segurança contra incêndios e das normas sanitárias.
Pela IK-3 já passaram outros prisioneiros conhecidos, como Platon Lebedev, antigo parceiro de negócios do antigo oligarca Mikhail Khodorkovsky, que foi condenado por evasão fiscal, branqueamento de capitais e fraude. Segundo a agência Reuters, a prisão pode acolher mais de mil prisioneiros, tendo a maioria cometido crimes graves.
Alexei Navalny cumpria uma pena de 19 anos de prisão por “extremismo”, o último de uma série de veredictos que, se não tivesse morrido nesta sexta-feira, o teriam levado a passar as próximas três décadas encarcerado.