O presidente do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, defendeu esta terça-feira um entendimento do líder do PSD, Luís Montenegro, com o Chega, argumentando com a necessidade de estabilidade e com a representação alcançada pelo partido de extrema-direita.
"Acho que o país precisava de estabilidade, o país, considero que está um bocado à deriva, sem objetivos e sem metas. (...) Portanto, eu acho que não fazia mal nenhum, às vezes, a gente andar um passo para trás para dar dois para a frente", defendeu Câmara Pereira, em entrevista à Antena Um.
O líder do partido monárquico revelou que vai hoje pedir uma reunião a Luís Montenegro para falar sobre o futuro Governo.
"A mim não me assustava nada uma abertura ao Chega. O que não há dúvida nenhuma é que o povo português deu-lhe 40 deputados, não é para menosprezar", afirmou sobre os resultados das legislativas de domingo em que o partido liderado por André Ventura obteve 48 lugares no Parlamento.
O Presidente da República começa hoje a ouvir os partidos e coligações que elegeram deputados nas eleições de domingo, um processo de auscultação que se inicia com o PAN e termina no dia 20 com a AD.
O objetivo de Marcelo Rebelo de Sousa é ouvir todos os partidos políticos e coligações que estarão representados na Assembleia da República, tendo em conta os resultados provisórios anunciados pelo Ministério da Administração Interna e sem prejuízo dos círculos que ainda falta apurar.
Falta ainda contabilizar os resultados dos dois círculos da emigração - da Europa e de Fora da Europa - que elegem cada um dois deputados, o que deve acontecer no mesmo dia em que será ouvida a AD.
O artigo 187.ª da Constituição da República Portuguesa estabelece que "o primeiro-ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais".
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.