Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal (IP) ponderam avançar para nova paralisação ou outras formas de luta, disseram esta quarta-feira os sindicatos à Lusa, perto do final da greve de 24 horas que afetou sobretudo a circulação de comboios.
A adesão à greve, com exceção dos trabalhadores que foram notificados para o cumprimento dos serviços mínimos, situou-se “perto dos 100%”, mas a plataforma sindical não recebeu qualquer contacto por parte do Governo ou da administração da IP e já pondera novas ações.
“Não recebemos qualquer ‘feedback’. Os sindicatos vão reunir na sexta-feira e irão decidir, provavelmente, novas formas de luta. Há que fazer uma avaliação desta greve e anunciar novas medidas”, adiantou à Lusa o presidente do Sindicato Independente dos trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), António Salvado.
A posição foi corroborada pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), através de Júlio Marques, e pelo Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), liderado por António Pereira.
“Esperamos que o Governo tenha tomado boa nota desta greve, para ver se consegue resolver o problema. Se tivermos de meter mais greves, metemos. Mas queremos é resolver os problemas pelo bem e pelo diálogo”, frisou António Pereira.
Os três dirigentes sindicais confirmaram, também, que a circulação de comboios de passageiros ficou reduzida a "cerca de 25% do previsto", tal como estipulado pelos serviços mínimos acordados, tanto na CP como na Fertagus.
“A CP tinha previsto 1.368 comboios para este dia e terão sido realizados apenas 341”, avançou Júlio Marques, atualizando a estimativa de 360 comboios previstos “até à meia noite”, avançada durante a tarde, à agência Lusa, por António Pereira (SINFB).
No que diz respeito ao transporte de mercadorias, circularam apenas “dois ou três comboios de matérias perigosas”, de acordo com o ASCEF.
Além disso, não houve também “qualquer trabalho de manutenção das vias” ao longo do dia, o que significa que “houve uma adesão muito grande por parte de todo o pessoal da IP”, segundo o SINFA.
Os sindicatos preveem que a situação comece a normalizar “a partir da meia-noite”, momento em que começa o feriado, e voltarão a reunir-se na sexta-feira.
Os trabalhadores da IP e das associadas, que estão em greve até às 24h00 desta quarta-feira, reivindicam o aumento dos salários, contratação dos trabalhadores,cumprimento integral do clausulado no acordo coletivo de trabalho (ACT), atualização do valor do subsídio de refeição, integração do abono de irregularidade de horário com conceito de retribuição e a atribuição de concessões de viagem no operador de transportes CP a todos os trabalhadores da IP e participadas.
Em causa está também a abrangência das deslocações e horas de viagem aos trabalhadores, o ajuste do subsídio de refeição nas ajudas de custo, a atribuição de isenção do horário de trabalho aos colaboradores cujo serviço justifique e a alteração das quotas na classificação de “bom” e “muito bom” para efeitos de promoção na carreira técnica.
Por outro lado, os trabalhadores apontam falta de produtos de limpeza e higiene e pedem melhores condições de segurança nas instalações sociais e locais de trabalho.
Na terça-feira, a CP já tinha alertado para a probabilidade de ocorrerem “perturbações significativas” nos serviços.
A plataforma que representa os trabalhadores da IP e das suas participadas é constituída pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF) e pelos sindicatos Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), Nacional Democrático da Ferrovia (SINDEFER), Independente dos trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA), Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ) e dos Transportes Ferroviários (STF).