Na corrida para a transição energética, a extração de lítio "não pode ser vista como um mal menor". É o que diz Nuno Forner da associação ambientalista Zero, lembrando que esta exploração mineira tem forte impacto nos locais onde é feita.
"Temos de avaliar de forma séria quais são os impactos, que forma podemos minimizá-los, como é que poderão ser efetuadas as compensações e, se no final, chegarmos à conclusão que não conseguimos fazer uma exploração que seja minimamente sustentável e com baixo impacto, nós teremos de abandonar esses territórios", argumenta o especialista.
Numa fase de escalada dos preços da energia, os olhos colocam-se cada vez na mobilidade elétrica onde as baterias são essenciais e o lítio obrigatório para a produção destas baterias.
Portugal pode ter um papel de relevo neste cenário, em particular, Covas de Barroso, em Boticas, para onde há planos para instalar a maior mina de lítio da Europa Ocidental. O problema é que a população não vê essa hipótese com agrado.
Nelson Gomes, do movimento Unidos em Defesa de Covas de Barroso, não acredita nas promessas de desenvolvimento, dando como exemplo outras explorações mineiras "que não empregam ninguém da terra".
"Nós já somos tão penalizados por viver no interior, não podem ser sempre os mesmos prejudicados", diz.
A Renascença procurou ouvir a Savannah Resources, a empresa que quer explorar lítio em Covas de Barroso, mas sem sucesso.
A exploração de lítio em Portugal é o tema do podcast Compromisso Verde, uma parceria da Renascença e Euranet Plus, a rede europeia de rádios.