O PSD/Porto acusou esta segunda-feira o Ministro das Infraestruturas de demonstrar “total desprezo” pelo problema de mobilidade da Via de Cintura Interna (VCI), defendendo a proibição imediata da circulação de pesados naquela via e a eliminação de portagens na CREP.
“Este ministro tem vindo a refugiar-se em declarações sem conteúdo, não conseguindo resolver os problemas que existem no seu ministério e, em particular, no caso da VCI, demonstra total desprezo pela dimensão do problema e aparente desconhecimento das especificidades de mobilidade que a VCI apresenta”, afirma em comunicado a Comissão Política Concelhia do PSD/Porto.
No sábado, confrontado com as declarações do presidente da Câmara do Porto, ao Jornal de Notícias, a exigir “medidas urgentes” para a VCI, o Ministro das Infraestruturas, João Galamba, defendeu que os problemas de trânsito naquela via devem ser analisados "olhando para o sistema de transportes como um todo", não devendo ser “confundidas com a questão da redução das portagens no interior do país, anunciada no Conselho de Ministro.
O ministro garantiu, contudo, que "obviamente o Governo olha para a necessidade de otimizar a utilização de autoestradas e de, na medida do possível, sempre que haja alternativas, do desvio de transportes pesados".
Para o PSD/Porto, esta declaração “é típica de um político que nada pretende fazer, que nada pretende resolver, que nada pretende decidir”, afirmam, sublinhando que João Galamba tem vindo a demonstrar a sua “incapacidade, em vários dossiers”.
Os sociais-democratas consideram que a especificidade da VCI exige que as medidas de mitigação tenham em conta as particularidades desta via que, referem, surge no relatório de tráfego na rede nacional de autoestradas do 4.º trimestre de 2022, como a via mais utilizada do país.
Por estar localizada dentro da malha urbana do Porto, estes factos, sublinham, tornam “a vida dos portuenses e de todos os seus utilizadores, um verdadeiro calvário”.
“Não, senhor ministro, as soluções para a VCI não podem ser adiadas, atendendo aos impactos negativos que têm sobre a população do ponto de vista social, ambiental e económico”, declaram.
Para o PSD/Porto, a Circular Regional Externa do Porto (CREP) é a única solução imediata para mitigar o problema, pelo que defendem “a eliminação de portagens e a proibição de circulação de veículos pesados de mercadorias na VCI, excecionando, naturalmente, os que têm como destino o Porto”.
Uma solução que a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), com quem, dizem, já se reuniram e não se opõe e que pode ser implementada no curto prazo, reduzindo potencialmente o trânsito da VCI no “mínimo 30%”.
“O PSD/Porto insta o Senhor Primeiro-Ministro a assumir este dossier e articular localmente a sua implementação, atendendo à sua importância e impacto na qualidade de vida de milhares de utilizadores da VCI da região do Porto”, rematam.
No sábado, o autarca do Porto, Rui Moreira admitiu que o trânsito na VCI coloca em risco a meta municipal de atingir a neutralidade carbónica em 2030, lamentando ter pouco poder direto sobre o tema, uma vez que o município não tem controlo sobre a VCI (pertence à Infraestruturas de Portugal) nem sobre as autoestradas circundantes que também lhe dão acesso.
Para o autarca, a VCI "é uma trombose permitida e acelerada pela política de tarifação que, nas cidades portuguesas, vão ao contrário de tudo aquilo que é norma das metrópoles europeias e mundiais", sendo taxadas as vias radiais e não as circulares.
No caso do Porto, são taxadas as vias metropolitanas circulares da VCI e que lhe dão acesso (A4, CREP-A41 e A43), incentivando os automobilistas a ir para a circular não portajada, a VCI.