Acabar com a mudança de hora é prejudicial à produtividade de adultos e crianças. É a opinião de Rui Agostinho, do Observatório Astronómico de Lisboa.
Em declarações à Renascença, este especialista explica o que significa alterar o regime de horário europeu, numa altura em que a Comissão Europeia vai avançar com esta proposta.
“A consequência seria que, entre meados de novembro e meados de janeiro, teríamos o sol a nascer perto das 8h00 e depois das 8h00. Mesmo ao final do ano, uma semana e meia antes e uma semana e meia depois, teríamos o sol a nascer perto das 9h00”, explica.
Assim, acrescenta Rui Agostinho, “durante esse tempo, as crianças que entram na escola às 8h00 da manhã ainda não têm luz em quantidade, vão para a escola por volta das 7h30, com estrelas no céu; os transportes e a deslocação toda do tráfego é feito com luzes acesas e com pouca iluminação. Ora, toda esta condução no meio do tráfego durante a manhã é feita com o corpo ainda meio adormecida, as crianças entram na sala de aulas meio a dormir ainda e isto vai ser a altura do inverno quase dois meses e meio”.
Rui Agostinho garante que a produtividade vai diminuir e o número de acidentes aumentar.
“Estar neste horário de inverno é, na realidade, o horário que mais nos aproxima entre a hora do relógio e a hora solar. Essa é a melhor solução”, defende, acrescentando que a única mudança a ser feita seria “alterar a data de saída da hora de verão, deve regredir para o último domingo de setembro”.
Questionado sobre a legitimidade que teria o fim da mudança de hora, depois de mais de 80% dos 4,6 milhões de pessoas que responderam a um inquérito da Comissão Europeia terem defendido esta opção, Rui Agostinho garante ter outra leitura.
“Isto vai mexer no regime da hora de 500 milhões de pessoas porque há três milhões de alemães que votaram isso. Eu não ficaria muito contente com essa solução. Fazer desaparecer a hora de verão é mau, de modo o que eu espero é que é a Comissão Europeia e o Parlamento analisem os relatórios dos especialistas e depois tomem uma decisão adequada e que não seja baseada apenas nesse inquérito à opinião de uma ínfima percentagem da população no espaço europeu”, remata.